COMO FOI BOA MINHA INFÂNCIA (Em Belém-PA)

Quase todos tínhamos apelidos. Uns pegavam outros não, era só não ligar. Quem ligava pegava.

Do tempo em que podíamos chamar o gordinho de “Sargento Garcia”.

Quem era alto demais era “delisca lua”.

O desajeitado era “Garibaldo”.

O magricela era “minhoca de cú de pobre”.

O alerdado era “pamonha”.

O efeminado era “fresco”.

A fortinha era “mulher macho”.

O estrábico era “vesgo”, “quatro olho”.

O cabeçudinho era “cabeção”.

O de glúteos empinado era “bundinha”.

Orelhas grandes eram de “abano”.

O de narigão era “ladrão de oxigênio”.

Quanta criatividade...

Criança sempre foi criança e menino sempre foi menino.

E fora assim também na infância de meus pais, filhos de nordestinos.

No Norte e no Nordeste sempre foram comuns os apelidos. Cultural e interessante, digno de pesquisa.

Todos cresciam, se tornavam pais de famílias, pessoas de bens

Não se tinha conhecimento de ninguém metralhando no cinema ou na escola, de metralha só os da Disney.

A escola era sagrada, o Grupo Escolar era bom demais.

Todos iam sempre fardados, do mais humilde ao mais abastado, chinelo nem pensar, sapato alto idem. Uniforme é como diz o próprio nome, era padronizado.

Até para se brigar usava-se a frese: “me espera lá fora na hora da saída”.

Respeitavam-se os pais, os professores e também as pessoas mais velhas. Era uma questão de educação.

Com um puxão de orelha do professor, não morria ninguém e a orelha não ficava maior, só esquentava e às vezes ardia e íamos pra outra danação...

Na sabatina não podia faltar à régua de madeira ou até a “palmatória”, umas com um buraco no meio, creio que era pra mão respirar depois de vermelha.

Quem pegava muito bolo era motivo de gozação.

E a aula particular no bairro, era pra todas as séries. Hoje seria multi serial, uma conotação bem moderna.

Corríamos, brincávamos de bandeirinha, pira-cola, queimada, garrafão, amarelinha também fazia parte; queimada era muito bom, o pião o seu Raimundo vendia na esquina, tínhamos baladeira e outras invenções.

Ah, não havia a conotação desse tal de bullying e todos passavam muito bem, obrigado.

Inesquecível infância.

Nadylson.

(Minha Infância foi em Belém do Pará)

Nadylson Marcelino
Enviado por Nadylson Marcelino em 25/05/2016
Reeditado em 30/05/2016
Código do texto: T5646120
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