Lembranças de Lourenço: Vistoria da Tropa. ( nº02)
Vistoria da Tropa - ( memórias 02 )
Vistoria do Batalhão da Polícia Militar do Estado do Tocantins, em Gurupi.
No exercício dinâmico da
presidência da OAB em Gurupi, então a segunda maior e mais importante cidade do
Estado do Tocantins, ele movimentou bastante a sociedade local. A área
geográfica sob seus cuidados abrangia território superior ao Estado do Rio
Grande do Norte, com muitas cidades e vilas perdidas, sem comunicação fácil,
provocando violência das mais variadas formas.
Àquela época, para se entender
melhor, o aparelho de fax não era disseminado e apenas algumas associações
comerciais ou câmara de vereadores, prefeituras municipais ou hospitais
dispunham. Não havia sido implementado o serviço de telefonia celular e o
Estado novel, praticamente não dispunha de rodovias asfaltadas, que à época das
chuvas eram inundadas, transformando-se em atoleiros e na seca, um solo fofo,
também não facilitava o tráfego de pequenos veículos de passeio.
As sedes de Comarcas, na maioria,
esquecidas pelo interior do Tocantins estavam providas de delegados de polícia,
nomeados na maioria, inclusive, policiais militares que faziam as vezes face a
ausência de bacharéis, e uns poucos concursados mal armados e desprovidos de
veículos e agentes auxiliares suficientes para atuarem e cumprirem o dever
funcional.
Eram providas de Juízes de Direito,
Promotores de Justiça e Defensores Públicos. No entanto, advogados, eram bem
poucos. Muita cidade se quer dispunham desses profissionais, facilitando
assim a prática de atos ilegais, ilegítimos que violavam direitos e garantias
individuais, desprezando-se ditames da Constituição Federal, ainda bem
recentemente promulgada.
Corria o ano de 1992 e a OAB
tinha que se fazer presente. Em Gurupi o dinamismo de seu presidente fez com
que os advogados se sentissem mais garantidos para exercer a profissão. Reuniões
de serviço, de trabalho, políticas, sociais eram freqüentes.
Visitas às cidades do território ao cargo da 2ª. subsecção da OAB-TO eram freqüentes. Inaugurações de salas nos
edifícios dos fóruns, vistoria nos presídios situados nas delegacias de policia,
denuncias de violações jurídicas por autoridades eram também bastante freqüentes.
Ciúmes do Conselho Estadual e
alguns advogados tradicionais que perderam a eleição ou o prestígio fazia com
que muitas atitudes, nem sempre leais, eram promovidas contra ele, que, as ignorava e prosseguia com o trabalho que se propusera.
Estava bem prestigiado por autoridades públicas locais.
Certa feita, a convite do comando
do batalhão da policia militar com sede em Gurupi foi a sua sede para ministrar
palestra a respeito de direitos humanos.
Após ministrá-la seria servido um
almoço. Antes, no entanto, o Comandante, homenageando o presidente da OAB e
palestrante programou que a tropa seria vistoriada e, após cantarem o hino
nacional, tocado pela banda marcial e subir as bandeiras do Brasil, do Estado
do Tocantins e do Município, em posição de sentido, ele surpreso, viu a tropa
marchar e saldá-lo oficialmente com continência e gestos de estilo.
Após hastear a bandeira do Brasil, solenemente o batalhão se submeteu à sua revista.
Ele revistou a tropa
que marchou em sua homenagem.
Não se recorda com minúcias, mas
nas memórias que guarda, traz consigo bastante carinho a pessoa dos policiais
militares daquele batalhão.
Também guarda lembranças de
violência e brutalidades estúpidas praticadas por alguns agentes da Policia
Militar e policiais civis do Estado do Tocantins.
Roberto J. Pugliese
Titular da cadeira nº35 da Academia São José de Letras
www.pugliesegomes.com.br
( publicado no Expresso Vida blogspot. )