Sonhando Acordado
Sabe aquela história de sonhar acordado? Então vou contar no que me envolvi por estar sonhando acordado num banco de praça.
Dia de muito frio, e eu amo frio... amooo frio! Pois gosto de me vestir dos pés a cabeça e, confesso, tenho baixa autoestima quando o assunto é meu corpo. Dias frios pra mim são sinônimos de roupas grandes, que me deixam com traços ainda mais masculinos e tals. Quem me conhece, sabe que sou homem trans, ponto.
Vesti um bermudão, botas off Road, camisa regata e uma blusa verde (do tipo que eu tiro, lavo, enxugo, passo e visto novamente kkkk), sendo esta com capuz. Novamente peguei a estrada com minha possante e fui parar naquela mesma cidade linda, maravilhosa de uma das histórias que já contei aqui.
Fui direto pra praça (mentira! Parei pra comer empada). Sempre com meu velho fone no ouvido, escutando desde Michael até Jorge e Mateus. Bôra combinar que toda música é válida desde que não denigre a imagem da mulher, ou de outras minorias, né gente! Tenho um certo receio em ouvir funk, mas, o quanto ao resto, tem de tudo um pouco no meu celular.
Cheguei na praça do coreto, sentei-me. Não havia muitas pessoas, alguns cachorros e... eu! Começou a tocar (no celular) I’m gona lose you da Meghan Trainor. Mais do que depressa eu conferi se eu havia marcado o repeat... ufa, marquei sim! Acho não, tenho certeza que fiquei ali, viajando naquela música, por umas quatro horas. Acho que até mais. Viajei pelo vale da bad, o vale dos LGBTs, o vale da solidão, enfim, você pode inventar qualquer outro nome pra isso. Eu simplesmente fiquei ali, imóvel, sonhando acordado.
A vida passou por quatro horas ou mais... e eu ali vendo os flashbacks de toda minha vida... repassando cada mulher que me fez mais forte, relembrando também aquelas que por um curtíssimo espaço de tempo, me deixaram mais fraco. Imaginando onde estariam, com quem estariam. Não sou do tipo de me arrepender do que fiz, e o que eu fazia ali também não me deixou arrependido. Você pode até dizer “fica aí relembrando das ex e perde o presente”. Tá, relembrei de todas (ou quase todas), mas também me lembrei que tudo o que eu havia passado até ali, com cada uma delas, me fez chegar num lugar que eu queria sempre estar: sentado no banco da praça do coreto. E me fez lembrar também do fato de que sou feito de pessoas e de mim mesmo. Então, cada etapa, cada palavra que ouvi, cada fora que levei, me fez ser esse fofo que agora escreve pra você. Aliás como sempre digo: tápranascer um serumano mais fofo do que eu!!! (Gargalhadas).