Viagens e Recordações

Assim que o dia amanheceu... “lá no mar alto da paixão, dava pra ver o tempo ruir... cadê você? Que solidão!”... Brincadeira, gente. Mas, assim que o sol despontou, numa quarta feira (véspera de feriadão gostosão, lindão, tudibão, hehehehe), peguei minha possante (CG 125, 2002) e só tinha um rumo pra seguir: #partiu #goiásvelho!!

Antes, tomei banho (óbvio), coloquei a melhor roupa que eu tinha (mentira! Uma bermuda surrada, camiseta básica e pra chegar arrasando: um toque de Quasar!), coloquei o binder, ajeitei os intrusos direitinho, passei um creme nos cabelos grisalhos, arrumei minha boa e velha companheira de estrada: bolsa preta! Arrasei né mesmo?

Peguei rumo pra Goiás Velho, cidade boa demais: empadão, serenatas, Cora Coralina, boemia, cerveja e mulheres lindas, todas lindas, sem exceção. Logo mais, a meia noite, começaria a famosíssima Procissão do Fogaréu, e eu estava ansioso pra ver aquela demonstração da nossa cultura pela primeira vez. Sim, achei que eu iria partir desta vida sem ver aquela coisa ma-ra-vi-lho-sa, aquela demonstração de fé e amor (sou pagão, mas, sei muito bem o que é respeitar todas as crenças do mundo!).

Chegando na cidade linda, logo percebi em minha alma que este dia seria mais um daqueles que eu iria levar pra sempre na memória e ainda passar para meus netos e alunos. Senti uma paz que não consigo achar palavras pra explicar! Minha alma estava em júbilos, feliz em estar ali, sem motivos, sem os porquês (?), sem as obrigações que o mundo impõe; apenas estar ali... só estar ali e nada mais.

Fui direto pra praça do Coreto. Chegando lá, já fui logo avistando muita movimentação: vai e vem de crianças, jovens e adultos; conversas intermináveis, mesas nas ruas, cervejas sobre elas, copos cheios e vazios, risos, gargalhadas altas, parecia até um mundo paralelo ao que eu conhecia e relembrava naquele momento. Sorvetes derretendo em mãos de guris e mais um filme passava na minha cabeça... saudades, apenas saudades.

Andei, andei, andei até me cansar... kkkkkkk. Brincadeiras à parte, eu andei sim, muito. Gosto de observar detalhes nestes lugares bucólicos que me fazem ter um flashback atrás do outro. Até que me sentei em um dos bancos da praça. Antes eu havia tomado um caldo de frango e um refri. De barriga cheia, peguei o celular e, como a bateria tinha que aguentar até a madrugada do outro dia, evitei jogar Paciência Spider... adoro hehehe!

Fiquei tão perdido nos meus pensamentos que acabei esquecendo das horas... quando olhei pro meu relógio, já estava marcando oito da noite. Caramba, ¨o tempo voa quando começo a pensar¨. Levantei-me e fui numa vendinha comprar água mineral e mais um salgado pra cobrir o estômago. Passei por uma penca de cadeiras e mesas... que mulherada mais bonitaaaaa... ahhhhh... suspirei fundooo..... hehehehehehe.... não sou de ferro! Mas sou educado! Sei que essas coisas de ficar fazendo “fiu fiu” é machista. Dar cantadas também é muito escroto, então me abstive em olhar disfarçadamente, imaginar mil e uma coisas e suspirar profundo. Coração não mais batia... apanhava! Kkkkkkkkk.

Passei por aquele vale dos sonhos e me sentei no mesmo banco. Pela quantidade enorme de pessoas ali, tive sorte do banco ainda estar vazio. Não passou meia hora, uma moça veio e se sentou do meu lado... eu chupando o canudo que estava na água. Contive-me e não olhei (juro que não, gente!!). Ela encostou no meu ombro, daí eu olhei de imediato e ela pediu desculpas. Eu disse que não precisava pedir. Ela me perguntou se eu era daquela cidade linda. Eu respondi que não, que eu era “forasteiro” e dei risada. Ela riu junto comigo. Perguntei o nome dela ao mesmo tempo em que ela perguntou o meu. Apertamos as mãos e ficamos ali, feito dois adolescentes ingênuos. Umas três horas mais tarde, como eu sou cavalheiro (até demais, a ponto de ser trouxa), tinha dito no meu pensamento milhares de vezes: “você não vai beijar essa guria!! Fica na tua, caramba.”)... não adiantou muito. Ela veio sorrateiramente na minha frente e... beijou-me!

Voei até o firmamento, desci até o centro da terra (tava quente por lá, kkkk), voei novamente e desci de novo! Fiquei nesse sobe e desce umas doze vezes. Fechei meus olhos e ela sentou no meu colo, pegou no meu cabelo e me deixou ser ar. Assim ficamos por uma meia hora. E como foi bom aquilo tudo, aquela garota, aquela intervenção do beijo, as risadas, enfim... tudo foi tão, mais tão maravilhoso que até hoje eu não sei se tudo aquilo foi real.

Alban Lerrá Moura
Enviado por Alban Lerrá Moura em 26/04/2016
Reeditado em 26/04/2016
Código do texto: T5616994
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