Destino ou Consequência?

Furtivamente Roberto se viu diante de uma situação caótica.

Suas contas sem pagar, banco no vermelho, perda do emprego, sem pagar o aluguel há dois meses e uma noite péssima de sono.

Revirou o bolso e achou uma nota de R$ 20,00, era tudo que ele tinha!

Rapidamente colocou uma blusa, a noite estava fria, ele havia resolvido por um fim em tudo. "Esse deve ser meu destino" - pensava- aliás sempre entregara sua sorte ao destino...

Antes de se jogar da ponte, parou num bonito bar da esquina e pediu um conhaque e uma cerveja e R$10,00 de ficha da maquininha...

Afinal aqueles eram seus vícios que levara por toda a vida e no fim dela deveria se despedir em grande estilo.

Ele bebia e jogava e falava palavrões como sempre, mas percebeu do outro lado alguém semelhante a ele fazer a mesma coisa.

Continuou bebendo e jogando, do outro lado a pessoa fazia a mesma coisa! -Tá me tirando? - pensou.

Estacou diante da máquina e só então percebeu que aquele era o seu reflexo no vidro da porta aberta.

Sem o perceber, começou a relembrar sua vida, no trabalho chegava tarde, as vezes nem ia por causa das bebedeiras, era estúpido e achava que o dono jamais encontraria alguém como ele, que entendia tudo de sistemas computacionais. Mas ele achou...e ele perdeu o bom emprego.

Esquecera de honrar seus compromissos, Gastava com os amigos de mesa de bar... onde eles estavam agora?

Gastava o que não tinha para agradar a namorada... e onde estava ela agora?

Roberto enfim, percebeu que vivia uma vida fabricada por seus impulsos, seus desejos irrefletidos o fizeram ruir.

E quando se deu por sí, havia acabado de colocar a ultima ficha na máquina e a dar o ultimo gole de conhaque, sua imagem no vidro o denunciava, Roberto sentiu algo lhe subir pelas veias, uma indignação misturada com ódio por suas mazelas.

Naquele minuto ele entendeu tudo...

Roberto atirou o copo na rua, o barulho do estilhaço do vidro se misturava a outro som que ele não sabia distinguir naquele momento.

O Homem do bar aproximou-se, Roberto pediu desculpas pelo copo, o homem do bar lhe disse:

-Calma, você ainda não viu que ganhou o grande prêmio da máquina?

....

Após receber o prêmio, Roberto voltou para casa pensativo, seria aquilo um presente de Deus para o seu recomeço? ou seria um presente do Diabo para o enlaçar?

O Fato é que após aquele despertar, conseguiu um bom emprego e nunca mais bebeu, quando passa perto daquele bar sente bater uma doce lembrança, pede disfarçadamente uma agua tônica ao balconista e dá uma olhadinha naquela porta de vidro [...]