Assim contava minha avó 2
Meus avós eram espanhóis. Se conheceram aqui no Brasil, casaram-se e tiveram doze filhos.
Residiam em um sítio. Ali plantavam, criavam alguns animais, porcos, galinhas, cabras e também tinham umas poucas vaquinhas que produziam leite que era matéria prima para os queijos. Logo cedo colhiam frutas, verduras, pegavam os ovos nos ninhos das galinhas, ordenhavam as vacas, pegavam os queijos produzidos no dia anterior e iam para o Mercado Municipal onde tinham um box para comercializar os produtos.
As crianças tinha um idioma um tanto esquisito, espanhol, português acaipirado. E nesse idioma havia umas palavras únicas, que era resultado dessa mistura, não era necessariamente um portunhol, por isso que digo que era uma linguagem única.
Certo dia minha tia Isabel, notou que uma galinha tinha botado em um buraco num barranco. Como ali não era o lugar que deveria botar seus ovos, Isabel correu para avisar a mãe do acontecido, e aos gritos comunicou:
- “O má, uma gadjina que tava cantando que dicia que queria cagààà, pusso um agobo naquêl buraco”.