JULIA

Naquele tempo Julia vestia roupas chamativas com cores reluzentes. Às vezes a blusa não combinava com a saia, ou com óculos espelhado que parecia uma abelha. A jovem não tinha senso do ridículo. Ela não seguia modas ou conselhos de suas amigas "estilistas". O seu estilo principal era tão ter estilo. Júlia dizia que não precisava seguir o que os outros usavam. Ela pensava: - Ora, o ser humano pode ter o seu próprio estilo de vida. A estudante de Filosofia andava com poucas amigas. Bem, não eram tão amigas assim. Outro dia elas estavam em um ponto de ônibus e foram abordadas por um assaltante. Todas fugiram e deixavam Júlia sozinha com aquele estranho. Todavia o ladrão não levou nada de valor da estudante. Ele até conversou bastante com a estudante. Eles descobriram algo em comum: os dois adoravam açaí. A partir deste dia, Júlia passou a usar roupas pretas. Ela dizia que era em homenagem ao fruto. Além disto Júlia passou a usar um turbante na cabeça. Ela fez um mega hair no cabelo parecido com um rastafari. Os seu pais, lógico, aconselharam a filha a mudar aquele figurino. Mas a estudante não deu ouvidos a eles. Na faculdade, todos se afastaram dela. Então Júlia fez amizade com alguns gatos. Mas os gatos não eram os rapazes bonitos, e sim os felinos que frequentavam as salas de aula. Em alguns momentos, a estudante conversava com eles. Ela usava uma língua estranha desenvolvida especialmente para se comunicar com os felinos. Os sons eram grunhidos inaudíveis e estranhos. O corpo docente da faculdade chamou os seus pais para falar sobre o comportamento da estudante. Todavia os pais de Júlia não permitiam que ninguém julgasse os atos da filha, e diziam: - Não, a nossa filha está em perfeitas condições. Os gestores ameaçaram expulsá-la da faculdade. Mas os pais da garota foram resistentes. Porém á noite a garota sentiu-se perseguida por alguém. O médico foi chamado e receitou tranquilizantes a garota. Após alguns meses, Júlia conversava com uma árvore quando chegou um veículo branco com pessoas vestidas da mesma cor. Ora, aquela cor era uma afronta ao look preto da estudante. Então aquelas pessoas convidaram a estudante para um passeio. Ela esperneou, pulou, mordeu o braço de um dos homens de branco, mas foi levada à força. Agora ela está bem mais calma e mudou a cor de suas roupas. Júlia é mais uma hóspede do Sanatório São Bartolomeu. Ela não conversa mais com gatos e árvores, e sim com palitos de fósforos queimados. Além disto a estudante sente muito sono, mas não sabe o motivo. As suas retinas sempre enxergam pessoas de branco o tempo todo. Alguns pulam, outros conversam sozinhos, mas ela prefere conversar com o seu único amigo: O palito queimado. Mas Júlia está feliz como nunca.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 09/04/2016
Reeditado em 09/04/2016
Código do texto: T5599968
Classificação de conteúdo: seguro