Dois mundos

Em um beco frio e escuro, próximo a uma viela qualquer, uma criança se aconchega entre os jornais. Ela balbucia lamúrias em sussurros, que são inaudíveis até mesmo para si. De longe, consegue ver os transeuntes passando atarantados na rua. Os pensamentos daquelas pessoas viajam como gritos até a sua mente. Um mundo agitado, movimentado, que assusta. O menino respira fundo e retira um caderninho do bolso.

Por um instante reflete sobre o que deveria escrever. Olha mais uma vez para as pessoas confusas, e finalmente decide. Escreverá sobre elfos, princesas e dragões. Eles viverão num mundo mágico, que começará destruído, mas na sequência será salvo. No fim, todos viverão felizes para sempre.

Após muito escrever, se lembra, ao olhar para as horas, que deve voltar ao mundo real. Na medida em que vai saindo para a viela, o menino começa a se transformar em homem. Suas antigas vestes juvenis, agora é um terno bem alinhado. Já na rua, olha mais uma vez para o relógio. Se apressa, precisa advogar.