O reencontro

O reencontro

Maju Guerra

Neste dia em especial, a nostalgia invadira seu quarto, sua varanda, seu jardim, estava muito espaçosa mesmo, sem consideração. Ela resolveu dormir, era o melhor a fazer quando estas coisas acontecem.

Deitou-se no sofá da sala, nada de conseguir dormir, os pensamentos iam e vinham sem trégua. De repente, o telefone tocou, ela pensou: Atendo ou não atendo? Hoje não quero ser encontrada. E o telefone não parava de tocar, resolveu atender:

- Quem é? Quer falar com quem?

A voz do outro lado respondeu afetuosamente:

- Calma, mesmo depois de quase trinta anos, consigo reconhecer sua voz, Isa. É você, não é? Aqui é a Sandra, criatura, ando procurando por você faz tempo.

Ela ficou sem fala. Emocionada, disse em voz baixa:

- É a Sandra, minha amiga da infância até a faculdade? Se for, me encontrou com certeza.

Sandra respondeu:

- Ela mesma. Vim passar uns dias na cidade que você sumiu. Encontrar você foi um golpe do destino. Imagine só, comentei sobre você com a Lena, a moça da loja de flores perto do hotel, ela riu muito, disse que você compra flores lá toda semana, me deu seu telefone. Pelo jeito, você continua conversadeira.

- Você sabe que adoro flores e que gosto de conversar sobre elas. Com a Lena, falo bastante e aprendo bastante.

- Não vamos perder tempo, posso encontrar você agora? Você mora perto daqui, vou à sua casa, nem vou deixar você pensar, me passa seu endereço. Estou levando suas flores preferidas.

Isa lhe deu o endereço e comentou:

- Maravilha! Esta semana não pude comprar minhas margaridas e crisântemos.

-Eu sei, a Lena me contou.

Isa respondeu:

- Você está certa, amiga, sou uma pessoa de sorte por você ter-me encontrado, já me sinto outra. Obrigada pelo seu carinho, você sempre foi especial. Se passarmos mais quase trinta anos sem nos vermos, certamente já estaremos mortas. Beijocas, até daqui a pouco.

Maria Julia Guerra

Salvador, BA