Prelúdio

Amanhecendo de uma forma inimaginável, o dia estava lindo, um manto branco como um lençol de seda cobria toda cidade, uma paisagem perfeita que ele quis compartilhar. Sem sucesso até então. O café quente em seus lábios era substituído repetidamente pelo o que um dia iria matá-lo sem perdão, mas no momento, a melhor companhia que ele poderia ter. Que cara chorão, sem saber aproveitar as coisas boas da vida, só alimentava vícios. Que seja só uma fase ele ruminou. Sem fome e sem calor, quis sentir a brisa mais de perto e se jogou no lindo paraíso a sua frente. Em pedaços não soube aproveitar aquela perfeita paisagem. Perfeição. Heis a palavra que divagava em sua cabeça. Aceitação. Heis a rotina que teria de atribuir. Tudo ate funciona da forma certa quando você faz o certo. Pena não ser uma regra. Cada dia, um novo dia pra chegar atrasado, fazer tudo errado e sem vontade, mais um trabalho mal feito, sem dedicação ou esforço. Esse frio intenso não iria lhe deixar tão depressa. Essa abominação que se tornara não o deixaria sair dessa tão cedo. E lentamente aquela adaga era cravada mais fundo em seu coração. Até que sem vida ele caiu, e aquele manto parecido à seda lhe engoliu. Por completo.