O MITO
Desceu do avião em passos lentos. Mesmo cercado de assessores, sentia-se sozinho. Respirava com dificuldades. A cabeça doía. Alguns falavam, orientavam. Ele respondia com acenos, mas sem atenção. Até que, inesperadamente parou. Pôs uma das mãos no peito. Uma leve pressão, seguida de almas lembranças: Quando pisou pela primeira vez naquela capital. O sonho de ver um país justo. Com alicerces sólidos. Com oportunidades iguais. Sim, um dia estes projetos foram verdadeiros em sua vida. Foi eleito. Conseguiu vencer as barreiras, os preconceitos, as campanhas difamatórias. Venceu. Porém, os projetos, os sonhos, os objetivos, ficaram pra segundo, terceiro, quarto plano. Uma pontada mais forte o trouxe de volta para o presente e pra realidade: Não passava de um mito. Um personagem. O homem sonhador, morreu... engolido pelo sistema. Sentiu uma lágrima quente molhar seu rosto... Não sabia como voltar.