MEU PAI ( 2ª parte )
Foi numa dessas festas que o pai, tocando seu violão, muito animado conheceu minha mãe. Garota linda, com dezesseis anos e prometida em casamento ao fazendeiro Joaquim Felício, rapagão alto, moreno, forte que fora convocado para engrossar a fileira da Força Expedicionária Brasileira, para combater o nazi fascismo na Itália.
Meu pai se apaixonou por minha mãe logo de primeira vista. E o mesmo aconteceu com a mãe, que ao sair do baile, deixou cair de propósito, seu lencinho de seda, perto de meu pai. Era o sinal do interesse dela por ele, que não desperdiçou a oportunidade. Agarrou o lenço, guardou-o, e na primeira oportunidade foi pessoalmente entrega-lo a minha mãe, na casa de meu avô.
O encontro do pai com meu avô foi pitoresco. Narrado por minha mãe, sempre adquiria ares de novela cavalheiresca, de séculos atrás. O pai teve que passar primeiro pelos irmãos de minha mãe, e eram vários, até chegar à pessoa de meu avô. Uma vez, estando em sua presença, o pai pediu sua permissão para namorar a mãe.
Vovô argumentou dizendo que a mãe já era noiva. Estava prometida a outro. Meu pai ouviu, assentiu, mas retrucou dizendo que noiva a mãe era, porém ainda não estava casada e sendo assim, poderia namorá-la. O pai ainda reforçava falando que o noivo de minha mãe, estava na guerra e poderia, nem vivo voltar.
Meu avô disse não ao pedido do pai, em primeira mão. Meu pai disse-lhe, então, que diante da negativa de suas intenções, para com a mãe, restava-lhe então uma única alternativa: rouba-la e casar com ela escondido.
Minha mãe, menina curiosa, ansiosa pelo resultado da conversa ouvia tudo atrás porta. O vovô sabia disso, tanto que chamou a mãe, e perguntou-lhe se havia gostado de meu pai. A mãe sem rodeios fez sinal afirmativo, balançando a cabeça. Diante dessa situação, meu avô consentiu o namoro, estabelecendo regras para os encontros, que aconteceriam nos finais de semana, diante de sua severa e segura presença.
(continua)