Rosa dos Ventos
O dia naquela repartição minúscula do escritório não estava sendo dos melhores. Em cima da mesa, uma pilha de relatórios e uma mulher debruçada desajeitadamente como uma morta. Após ouvir um esporro do chefe, subtraia mais um mês de permanência naquele emprego maldito. Embora estando ainda no período de experiência, isso bastava para perceber que não era bem vinda lá. Havia comportado numa caixa de papelão, vários mimos para enfeitar o seu local de trabalho até. Mas apenas o porta retrato de acrílico é que saiu dali. Uma foto com seu marido com pose de galã: "Como pode ser tão belo e fotogênico quando na verdade é um filho da..." Maria Rosa conteve o seu pensamento.
Sua cabeça parecia entrar em erupção quando se voltava para as horas do relógio. Estava assustada com a rotina que havia mudado drasticamente após casar com Norberto. Queixava-se internamente, da maior parte do tempo em que só podia "namorar" o marido por foto. Pessoalmente, não o conhecia mais. Era como um estranho que vinha à casa só nos finais de semana e saia para jogar uma "pelada" com os amigos. E o pior medo da mulher era parecer ser assim para ele também. Fato para ela Inadmissível. As discussões eram cada vez mais frequentes e notável era o nível de stress de ambos. Certa vez numa tarde de domingo quente, o bate boca estava em tons de decibéis preocupantes para os vizinhos. Os motivos eram confusos e muitas vezes quase nulos. Maria Rosa o acusava de desleixo como se fosse um pecado mortal assim como ele, que botava toda a culpa do fracasso da relação na esposa.
Era deliciosamente intrigante ver o sangue nos olhos de ambos e o brilho da paixão trabalhando em conjunto. Quando o homem decide buscar um movimento diferente para findar a discussão.
Afirmou com as mãos em forma de prece que amava Maria Rosa acima de tudo, enquanto ela queria jogar lhe todos os vasos de porcelana em sua cabeça. O tilintar dos cacos pela casa e no coração de Norberto. Ela estava incontrolável quando de repente caiu aos prantos e ao chão. Ele percebeu que precisava resgata-la de uma vez por todas. Foi para o quarto, abriu a sua pasta e retirou uma fotografia. Maria estava linda, com os cabelos ao vento. Como ele adorava olhar para aquela imagem todos os dias, quando passava por dificuldades no trabalho.
E assim, todo sem jeito, proferiu o seu sentimento ao dia em que a fotografia foi tirada. Aquietou-se. Pronto para trazê-la mais perto de seu peito, de súbito ela desvia dos braços do marido e corre para fora. E Norberto sabe que ela não iria tão longe e por isso a olha com um sorriso confortável no rosto.
Maria Rosa sai batendo o portão por detrás de si. Para na calçada e rebaixa o semblante, quando a primeira rajada de ventos desmanchava os cabelos, lhe refrescando os pensamentos. 
{Fim}