O Fantasma de um comunista e a Artista Sem Voz (Dedicado Para Ana Beatriz)
Esse é mais um daqueles contos abençoados pela liberdade, livre das regras literárias, é cheio de poesias, mas revolucionária, aquela que cospe na face da castradora métrica, e liberta as letras da matemática! Sem contar que é real.
O conto nasceu de uma tarde fria onde o contestar era interiorizado, o poeta estava fatigado, como sempre, mediante ao ciclo vicioso do mundo; sentia-se o fantasma de um comunista revolucionário, um idealista morto em seus ideais, fuzilado por aqueles que faziam da liberdade prisão, da democracia uma anarquia, e da liberdade uma libertinagem.
Não havia motivos pra expressar, quem quer saber?
Pois seus pensamentos vagueavam das realidades políticas de sua pátria até os céus onde governava um Deus imperialista vaidoso e com seguidores corruptos. Todas as mazelas humanas seriam herança cósmica desse soberbo “ser” que valendo-se de seus anjos iluminados, com suas asas banhadas em sangue, exigia de toda criação joelhos e testas prostrados na poeira do chão lhe prestando adoração vazia ao seu grande feito de nos presentear com vida e liberdade, que pela violência imposta de suas duras leis "Ele" mesmo nos tirava!
O poeta foi roubado de seus pensamentos e o riso de si mesmo morreu em sua face ao ouvir doce e pequena voz cheia de uma contida coragem, sem medo, resmungando ao vento um simples, mas ao Poeta comunista, um complexo e vermelho pensamento.
- Droga! Estou cansada! Vejo nesse mundo milhões de pensamentos, todos vazios e sem um sentido coerente, me pergunto: As pessoas estão perdidas ou são parvas assim mesmo?
E o pior de tudo é que todo esse torpe pensamento e ideias distorcidas partem de jovens, se essa é a “nova geração” a da mudança... Parem o mundo que eu quero descer.
Rindo, mas não da jovem moça, era um riso de encantamento com sua revolta, pois ela era “aquela geração” que lhe agulhava o peito; o poeta se lembrou de quando jovem e tantas coisas tentou para mudar o estado de putrefação mental de seus companheiros, pois não ser jovem e não ser revolucionário, não ser acordado, é cientificamente inexplicável!
Aproximando-se da menina, sem saudações ele foi logo dizendo:
- Camarada, em 50 anos teremos a pior geração de idosos da historia da humanidade...
Ambos estavam em uma selva castigada pela imbecilidade do povo que se permitia aos poderosos, mas ali houve um segundo de paz, então sentaram-se a beira da estrada e em breve dialogo, o poeta comunista deixou de ser fantasma e a artista sem voz pode finalmente falar:
- Ora, Caro Poeta, essa é uma triste e desesperadora verdade. Eu tenho medo de trazer a vida em meu ventre, ou até mesmo uma ideia, e largar para viver nesse mundo. – Amistosamente Beatriz olhou para o poeta, que subestimava o alcance de suas palavras e arrematou:
- Ainda bem que existem pessoas como você, com senso de alguma coisa, opiniões fortes e que me faz ter esperança de que o mundo pode mudar; me faz pensar que a humanidade em toda sua complexidade ainda vale a pena!
O Poeta Comunista nunca gostou de elogios, pois estes são vazios e na sua maioria falácias de seres interesseiros, mas tão sincero dizer tocou naquele sonho que havia morrido, e Beatriz foi como o Cristo ressuscitado a Lazaro, pois aquele poeta frustrado um dia foi feliz com a ideia, de que: Se tocasse um coração, teria então tocado toda a humanidade, e para ele beatriz foi naquele momento um sonho realizado.
- Camarada... Você me animou o espírito, embora me sinta de mãos e pés atados, um inútil em meio a crueldade, encontrar pessoas como você também me trás esperanças, não considero isso um elogio, embora de toda minha alma lhe agradeça, considero sua fala como a manifestação de uma alma, que como eu, vive acordada em um mundo onde todos dormem em estado lamentável de delírios de sonambulismo.
E foi então, nesse momento, que tais almas deram margem para os desabafos cheios do lirismo, eu em minha humilde narração, ouso dizer que os que acordam se tornam poetas, artistas de uma nova era. É uma forma trágica de embelezar as dores funestas de quem quer muito fazer e nada pode. Ser artista, hoje, talvez seja um paliativo de esperança, pois a arte em todas as suas manifestações não possui idioma, toca e fala em todos os corações, independente das fronteiras, culturas e crenças.
- Falou por mim agora, disse exatamente o que quero dizer e não consigo verbalizar, por em palavras, pois é assim que me sinto, um ser acordado em meio a um mundo que dorme e delira. Falo sobre me sentir diferente no contexto desse quadro para familiares e amigos, e ao falar me pergunto se compreendem... Não consigo entender a diferença entre eu e a maioria, definir se isso é bom ou ruim. Estar acordada entre tantos que dormem tem um preço.
A pequena de olhos vivos e grandes consternou-se e torceu de leve os lábios, pegou uma pedrinha que estava à frente de seu pé e atirou ao longe... O poeta apenas silenciou por um momento e pensou no preço de estar acordado, mas logo rompeu o silêncio:
- Um preço que dói de várias formas, e às vezes ao se expressar parece que estamos dizendo que nos sentimos superiores, mas muito pelo contrário, ao menos no meu caso, é desesperador, pois é como debater-se em um charco inglório e não ter o que fazer; é não poder sair do buraco porque não quer sair sozinho...
E tentar se encaixar ou tentar acordar os outros é solitário, nos faz viver uma vida que parece antissocial e abre margem para recebermos rótulos variados, mas nunca ninguém compreende exatamente o que é você ou quem é você...
E é tão inefável, é tão potente esse sentimento de despertamento que o cérebro da um nó, nos tornamos autocráticos; exigimos muito de nós na mesma medida que exigimos dos outros. Nos afastamos então e observando o mundo afundar e nos sugar.
Eu até me perguntou: Será que todos estão acordados e sou eu que durmo, pois justiça; igualdade ; amor e humanismo ( que não é “humanice”), parece ser um sonho e a realidade é toda essa maldade que nos fere...
A moça volta olha o poeta que emanava uma contida tristeza, ambos sorrem, Beatriz mais animada abre seus brandes olhos delineados como as moças belas do deserto e exclama cheia de inteligência e poesia:
- Nossa!!!
Me senti descrita e compreendida em suas palavras que transcendem o entendimento racional e tocaram fundo meu ser...
É bom saber e sentir que não estamos sós em meio a esse turbilhão de questionamentos, descontentamentos, que me leva a pensar muitas vezes que: A ignorância em certos aspectos é uma bênção... Ansiar por mais e querer mais, é nunca se contentar ou conformar com menos... O que torna nossa existência e o questionamento do mesmo ainda mais inglório, como você tão acertivamente citou.
Mais uma vez o comunista ressuscitado nas raias da poesia faz um pedido:
- Sou Jornalista da alma, troquei o fuzil pela caneta, as balas pelo nanquim e os campos da guerra pelo alvo papel, e é assim que venho tentando, através da arte, através da escrita que me pede vigor todos os dias, acordar aqueles que dormem, ou contamina-los com meus sonhos de mudança, as vezes tão reais que parecem sonhos do pequeno príncipe, me permite escrever sobre nosso breve encontro? Quero eterniza-lo com minhas humildes letras.
Com ternura Beatriz mais uma vez sorri:
-Para alguém que descreveu também meus conflitos interiores e existenciais, o mínimo que posso fazer é permitir que use meus argumentos ainda que limitados... Eternize esse momento poeta, pois ele me fez muito bem! Nossas interações são sempre produtivas, prazerosas e me dão muito no que pensar.
O Poeta nunca imaginou que a sagaz Beatriz tanto prestava atenção aos pergaminhos que ele deixava por conta dos ventos.
A jovem reluzia o brilho da esperança contestadora contrastando com a juventude cheia de argumentos de liberdade e sanidade humanitária, que de forma alguma eram limitados.
Um dia ela se compreenderia artista, encontraria um modo de agir e provocar, mesmo que em um coração apenas a mudança, Beatriz era predestinada e o monstro da ignorância não a devoraria, mal sabia ela que naquele instante, em uma simples troca de palavra, havia salvado um coração que acredita na justiça; na igualdade ; na paz e no amor libertário... Mal sabe ela que promoveu o despertar de um mundo inteiro de revolucionários da paz!
Pois como acredita o poeta. Toque um homem e terá tocado toda humanidade
O conto nasceu de uma tarde fria onde o contestar era interiorizado, o poeta estava fatigado, como sempre, mediante ao ciclo vicioso do mundo; sentia-se o fantasma de um comunista revolucionário, um idealista morto em seus ideais, fuzilado por aqueles que faziam da liberdade prisão, da democracia uma anarquia, e da liberdade uma libertinagem.
Não havia motivos pra expressar, quem quer saber?
Pois seus pensamentos vagueavam das realidades políticas de sua pátria até os céus onde governava um Deus imperialista vaidoso e com seguidores corruptos. Todas as mazelas humanas seriam herança cósmica desse soberbo “ser” que valendo-se de seus anjos iluminados, com suas asas banhadas em sangue, exigia de toda criação joelhos e testas prostrados na poeira do chão lhe prestando adoração vazia ao seu grande feito de nos presentear com vida e liberdade, que pela violência imposta de suas duras leis "Ele" mesmo nos tirava!
O poeta foi roubado de seus pensamentos e o riso de si mesmo morreu em sua face ao ouvir doce e pequena voz cheia de uma contida coragem, sem medo, resmungando ao vento um simples, mas ao Poeta comunista, um complexo e vermelho pensamento.
- Droga! Estou cansada! Vejo nesse mundo milhões de pensamentos, todos vazios e sem um sentido coerente, me pergunto: As pessoas estão perdidas ou são parvas assim mesmo?
E o pior de tudo é que todo esse torpe pensamento e ideias distorcidas partem de jovens, se essa é a “nova geração” a da mudança... Parem o mundo que eu quero descer.
Rindo, mas não da jovem moça, era um riso de encantamento com sua revolta, pois ela era “aquela geração” que lhe agulhava o peito; o poeta se lembrou de quando jovem e tantas coisas tentou para mudar o estado de putrefação mental de seus companheiros, pois não ser jovem e não ser revolucionário, não ser acordado, é cientificamente inexplicável!
Aproximando-se da menina, sem saudações ele foi logo dizendo:
- Camarada, em 50 anos teremos a pior geração de idosos da historia da humanidade...
Ambos estavam em uma selva castigada pela imbecilidade do povo que se permitia aos poderosos, mas ali houve um segundo de paz, então sentaram-se a beira da estrada e em breve dialogo, o poeta comunista deixou de ser fantasma e a artista sem voz pode finalmente falar:
- Ora, Caro Poeta, essa é uma triste e desesperadora verdade. Eu tenho medo de trazer a vida em meu ventre, ou até mesmo uma ideia, e largar para viver nesse mundo. – Amistosamente Beatriz olhou para o poeta, que subestimava o alcance de suas palavras e arrematou:
- Ainda bem que existem pessoas como você, com senso de alguma coisa, opiniões fortes e que me faz ter esperança de que o mundo pode mudar; me faz pensar que a humanidade em toda sua complexidade ainda vale a pena!
O Poeta Comunista nunca gostou de elogios, pois estes são vazios e na sua maioria falácias de seres interesseiros, mas tão sincero dizer tocou naquele sonho que havia morrido, e Beatriz foi como o Cristo ressuscitado a Lazaro, pois aquele poeta frustrado um dia foi feliz com a ideia, de que: Se tocasse um coração, teria então tocado toda a humanidade, e para ele beatriz foi naquele momento um sonho realizado.
- Camarada... Você me animou o espírito, embora me sinta de mãos e pés atados, um inútil em meio a crueldade, encontrar pessoas como você também me trás esperanças, não considero isso um elogio, embora de toda minha alma lhe agradeça, considero sua fala como a manifestação de uma alma, que como eu, vive acordada em um mundo onde todos dormem em estado lamentável de delírios de sonambulismo.
E foi então, nesse momento, que tais almas deram margem para os desabafos cheios do lirismo, eu em minha humilde narração, ouso dizer que os que acordam se tornam poetas, artistas de uma nova era. É uma forma trágica de embelezar as dores funestas de quem quer muito fazer e nada pode. Ser artista, hoje, talvez seja um paliativo de esperança, pois a arte em todas as suas manifestações não possui idioma, toca e fala em todos os corações, independente das fronteiras, culturas e crenças.
- Falou por mim agora, disse exatamente o que quero dizer e não consigo verbalizar, por em palavras, pois é assim que me sinto, um ser acordado em meio a um mundo que dorme e delira. Falo sobre me sentir diferente no contexto desse quadro para familiares e amigos, e ao falar me pergunto se compreendem... Não consigo entender a diferença entre eu e a maioria, definir se isso é bom ou ruim. Estar acordada entre tantos que dormem tem um preço.
A pequena de olhos vivos e grandes consternou-se e torceu de leve os lábios, pegou uma pedrinha que estava à frente de seu pé e atirou ao longe... O poeta apenas silenciou por um momento e pensou no preço de estar acordado, mas logo rompeu o silêncio:
- Um preço que dói de várias formas, e às vezes ao se expressar parece que estamos dizendo que nos sentimos superiores, mas muito pelo contrário, ao menos no meu caso, é desesperador, pois é como debater-se em um charco inglório e não ter o que fazer; é não poder sair do buraco porque não quer sair sozinho...
E tentar se encaixar ou tentar acordar os outros é solitário, nos faz viver uma vida que parece antissocial e abre margem para recebermos rótulos variados, mas nunca ninguém compreende exatamente o que é você ou quem é você...
E é tão inefável, é tão potente esse sentimento de despertamento que o cérebro da um nó, nos tornamos autocráticos; exigimos muito de nós na mesma medida que exigimos dos outros. Nos afastamos então e observando o mundo afundar e nos sugar.
Eu até me perguntou: Será que todos estão acordados e sou eu que durmo, pois justiça; igualdade ; amor e humanismo ( que não é “humanice”), parece ser um sonho e a realidade é toda essa maldade que nos fere...
A moça volta olha o poeta que emanava uma contida tristeza, ambos sorrem, Beatriz mais animada abre seus brandes olhos delineados como as moças belas do deserto e exclama cheia de inteligência e poesia:
- Nossa!!!
Me senti descrita e compreendida em suas palavras que transcendem o entendimento racional e tocaram fundo meu ser...
É bom saber e sentir que não estamos sós em meio a esse turbilhão de questionamentos, descontentamentos, que me leva a pensar muitas vezes que: A ignorância em certos aspectos é uma bênção... Ansiar por mais e querer mais, é nunca se contentar ou conformar com menos... O que torna nossa existência e o questionamento do mesmo ainda mais inglório, como você tão acertivamente citou.
Mais uma vez o comunista ressuscitado nas raias da poesia faz um pedido:
- Sou Jornalista da alma, troquei o fuzil pela caneta, as balas pelo nanquim e os campos da guerra pelo alvo papel, e é assim que venho tentando, através da arte, através da escrita que me pede vigor todos os dias, acordar aqueles que dormem, ou contamina-los com meus sonhos de mudança, as vezes tão reais que parecem sonhos do pequeno príncipe, me permite escrever sobre nosso breve encontro? Quero eterniza-lo com minhas humildes letras.
Com ternura Beatriz mais uma vez sorri:
-Para alguém que descreveu também meus conflitos interiores e existenciais, o mínimo que posso fazer é permitir que use meus argumentos ainda que limitados... Eternize esse momento poeta, pois ele me fez muito bem! Nossas interações são sempre produtivas, prazerosas e me dão muito no que pensar.
O Poeta nunca imaginou que a sagaz Beatriz tanto prestava atenção aos pergaminhos que ele deixava por conta dos ventos.
A jovem reluzia o brilho da esperança contestadora contrastando com a juventude cheia de argumentos de liberdade e sanidade humanitária, que de forma alguma eram limitados.
Um dia ela se compreenderia artista, encontraria um modo de agir e provocar, mesmo que em um coração apenas a mudança, Beatriz era predestinada e o monstro da ignorância não a devoraria, mal sabia ela que naquele instante, em uma simples troca de palavra, havia salvado um coração que acredita na justiça; na igualdade ; na paz e no amor libertário... Mal sabe ela que promoveu o despertar de um mundo inteiro de revolucionários da paz!
Pois como acredita o poeta. Toque um homem e terá tocado toda humanidade