A PRISÃO

As cortinas do apartamento de Edilene testemunharam momentos felizes, mas também alguns muito ruins. A moça voltou para a sua terra após cinco anos estudando no exterior. A cidade de Plínio Menor apresentava um grande crescimento econômico. A descoberta de uma mina de diamantes provocou uma corrida de trabalhadores àquela região. No rastro dos operários seguiram as empresas de mineração e distribuidoras de alimentos. A exploração de diamantes estava sendo realizada nas terras do coronel Leôncio. Este influente morador recebia uma grande porcentagem sobre a fortuna que se extraia de sua fazenda. O vai e vem de caminhões, tratores e carros de pequeno porte passavam sobre a vegetação verde. O acesso foi facilitado através de derrubadas de árvores. Mas Leôncio era ganancioso e permitia aquela exploração predatória. O dinheiro da extração de diamantes promoveu uma revolução no comércio daquela cidade ali chegaram mais e mais lojas de material de construção. Essas lojas atendiam a grande demanda da comunidade que se formou em torno da fazenda e da mina. No centro da cidade foram construídos apartamentos de dois cômodos para alugar aos engenheiros e funcionários do alto escalão da mineradora. A esposa de um destes engenheiros era Edilene, que por coincidência nascera naquela cidade. O seu pai chamava-se Leôncio, o tal fazendeiro. A moça conheceu o então marido durante as suas pesquisas na área de mineração em uma universidade da Europa. Os dois se casaram e o marido foi contratado para atuar na cidade onde fora descoberta a mina de diamantes. O padrão de vida do casal era alto a ponto de o engenheiro comprar uma picape importada. Mas aquela vida confortável não agradava a moça. Ela não estava realizada profissionalmente. O seu esposo não permitia que ela trabalhasse em nenhum emprego. O ciúme dele era muito grande. Ela não podia sair do apartamento sozinha. A única saída tinha que ser em companhia do marido. Aquele apartamento era uma prisão para a moça. Essa situação entristeceu a dedicada esposa a ponto de ela ter uma crise nervosa. O casal brigava muito e certa vez a moça foi espancada pelo marido. A briga e a agressão foram a gota dágua para Edilene pedir a separação. O tal engenheiro não aceitou aquela siituação e tentou agredi-la mais uma vez. Ouviu-se gritos, mas depois tudo ficou silencioso. Edilene olhava calmamente pela janela de seu apartamento. Enquanto isso o marido dela estava deitado no chão ao lado de um revólver e uma grande mancha de sangue. Em poucos intantes ouviu-se várias sirenes da polícia e de ambulâncias. A moça agora estava calma e tranquila. Agora não existiam mais brigas ou agressões. Ela se libertou de suas amarras para sempre.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 21/02/2016
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