A Quadratura do Círculo-cap. XV
-Perfeito; você conseguiu !
Após um instante de reflexão, falou :
-O círculo é a harmonia universal; quando o homem vai atingir a maturidade e deixar de ser animal?
-Imitando suas atitudes, não é?
-Isso mesmo; o ser humano ainda é animal, tanto é que ainda é violento como eles, mas com uma violência sem razão de ser. A não-viol~encia revela um grau de maturidade enorme e uma espiritualidade elevada. O que prega nossa sociedade?
-A violência, como forma de competição, de individualismo e egoísmo. Mas isso sempre existiu!
-E sempre existiram homens acima disso, elevados, que não propagam a agressão, deixam ela morrer neles. E há povos que atingiram esse nível de elevação.
-Você está sendo romântico!-repliquei. Não se incomodou com isso:
-Essa é a única forma de evolução e superação dos inúmeros defeitos humanos. Vamos voltar...
Chegamos à porta do casebre:
-Muito obrigado! Você me deu uma luz. Quanto lhe devo?-O mundo é sempre o mesmo- pensei.
-O que você quiser. Quanto acha que valem meus pensamentos...?
Abri a carteira e tirei uma nota que coloquei entre seus dedos. Ele se mostrou animado, como se não visse isso há muito tempo. Viu a nota e ficou decepcionado.
-Até mais...
X-X-X-X
Naquela noite, na minha nova “casa”, um pequeno quarto que aluguei, refleti sobre o que me dissera o professor Apolônio. Uma nova luz se aclarou em minha mente; afinal, o ser humano não tinha jeito, mas podíamos fazer a nossa parte e aproveitar a festa.
Voltei lá, na semana seguinte:
-Entre!
Ele estava agachado, lendo uma revista da Mônica; cômico !
-Desculpe pelo ocorrido semana passada; acho que seu trabalho vale...
-Deixe disso; não faço isso pelo dinheiro...
“Sei disso...todos falam o mesmo, mas não dispensam uma graninha”-pensei comigo.
-Estive pensando no que disse sobre a semelhança das ações do homem em comparação com as dos animais; creio que tem razão.- disse, enquanto lavava os pratos de sua modesta choupana. Em cima da mesa uma lata de goiabada.