O dia a dia do caboclo
Toda manhã ouço o gorjear solitário da corruíra, embaixo da minha janela, me anunciando mais um dia
Levanto ainda meio modorrento,
jogo uns gravetos no fogo, pra aquecer meu café
O galo índio estufa seu peito, e canta, evidenciando que ainda è o dono do terreiro
Ordenho minha vaquinha, tiro seu leite para preparar o queijo, jogo milho pras galinhas, apanho os ovos nos ninhos
Debulho milho pros porcos, pico cana pro gado, jungir o arado ao lombo do burro, preparo a terra pra mais uma lavoura
Na hora do almoço, deito na rede em baixo das árvores, fico admirando o vai e vem dos pássaros nos pés de fruta, tiro meu cochilo.
Caminho até o ribeirão que fica lá no meio da mata, me banho nas suas águas cristalinas
O sol começa a se pôr no horizonte, è hora de irrigar a horta, as gotas caem, sinto o cheiro de terra molhada, cheiro de poeira, cheiro de saudade
Termina mais um dia, retorno pra minha casa, sento na varanda, observo o céu cheio de estrelas, pego minha viola e me ponho-a cantar