lá fora...
Cai um temporal de verão, a roupa balouça no varal indicando um retrabalho, não importa! Nada tenho a fazer mesmo, ao menos estarei ocupado. Ajo indiferentemente às coisas, nada me incomoda. Como se estivesse numa permanente espera, assisto a TV que insistentemente reprisa suas novelas através de repetitivos comerciais, sequer acompanho tais folhetins, acabo os assistindo por infusão subliminar. Invariavelmente ali, tudo que se espera, acaba acontecendo. A vida, de fato não é assim e jamais deixemos nos enganar com a realidade. A angústia invade o apartamento que habito, tomo um banho, depois sobre o parapeito da varanda passo a observar a vida. Ouço latidos, veículos a buzinarem sem cessar. Revejo por instantes imagens que não se apagam da memória. Mais tarde gostaria de tomar um chopp na pizzaria aqui perto, mas, francamente não tenho ânimo pra nada. Inadvertidamente algumas lembranças do passado rugem ferruginosamente no cérebro. Entretanto, sei que não as reviverei. Um silêncio sepulcral se abate pelo apartamento. Não me abalo, retorno ao meu quarto, busco seguir adiante.