Um trabalhador
Ele acordou assustado, pois ouvira um barulho lá fora.
Caminhou até a janela a abriu com cuidado, pela a fresta, olhou a rua, mas nada viu. Procurou o relógio, e ao lado da cama em uma banquinha,
ele, uma mulher e duas crianças era sua família, atrás do retrato, o relógio, que quebrado, não lhe disse ás horas.
Esqueceu que tinha de sair bem cedo ou por ter trabalhado no dia anterior algumas horas a mais, satisfazendo assim, o gosto e o bolso do patrão, como já fizera outras vezes, cansado caiu de vez no braço de Morfeu, esquecendo o mundo e ás horas.
Da janela mal se via alguma coisa que estivesse lá fora.
Tornou a fecha-la e foi ao banheiro.
Perdeu o horário, e já atrasado, nem pensou em fazer café.
Com pressa, abriu a porta e saiu a passos largos.
O corredor era estreito, as paredes estampavam em tons verdes,
uma espécie de mofo, que já há algum tempo, ajudava a colorir o lugar.
O chão do corredor era de terra batida, nos períodos de chuva muita lama, no de seca, a poeira tornava-se companheira permanente.
A sua frente, um pequeno portão impunha o limite entre a rua e o barraco onde morava.
Passou a mão sobre o ferrolho, puxou, abriu o portão e saiu. Dessa vez o ferrolho não veio ao chão.
O proprietário já fora avisado do defeito no portão, mas não fez o reparo.
A rua estava escura, pois das lâmpadas que haviam sido instaladas,
Poucas resistiram ao vandalismo, era desnuda e sem nenhum resquício de calçamento, corria uma água fétida, que a alguns metros à frente sumia entrando em um matagal.
Ele acendeu um cigarro e enquanto caminhava- pensava como foi parar ali, naquele lugar, ele um pai de família, brasileiro, um trabalhador, e remoendo o pensamento- dizia a si mesmo, tudo bem, é quase um fim de mundo, longe de tudo, mas o aluguel não é tão caro, e, é onde eu posso morar no momento.
De repente ouviu uma voz, uma voz quase pueril e com arma em punho,
Não se mexa! Seu filho da p...! É um assalto, passa à grana, bora, ligeiro,
vagabundo! Se não vai levar chumbo! Ele o olhou de relance,
Pegou a carteira e ao entregar, foi o último som que ouviu em vida, um disparo de arma de fogo. Três meses se passaram e um jovem sai de uma FEBEM, o jovem já tinha varias passagens pela a polícia...