A Quadratura do Círculo-cap. IX

O casamento; eu:

-Meu Deus, o que estou fazendo aqui?

A noiva:

-Que maravilha, que maravilha, que maravilha!!!

(parêntesis: já reparou como toda noiva sorri no caminho para o altar?)

O padrinho:

-Que chatice ter que usar esse uniforme de pinguim e ainda pagar uma nota pelo aluguel dessa porcaria!

A madrinha:

-Ah, como queria que fosse eu !

A mãe:

-Coitada de minha filha; podia ter achado algo melhor...

O pai :

-Ainda mato esse disgraciatto !!!

A organista:

-Que pão-duro ! Ainda não me pagou...

Os convidados:

-Como está mal vestido!

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Filho? Nem pensar; vocês não têm juízo!

-Mas, Paloma quer...

-Querer é uma coisa; criar, outra bem, bem diferente.

Minha mãe tinha razão, mas Paloma insistia :

-Todo mundo pergunta por que não temos um filho ainda; minha família ficaria muito contente...

-Ah, a sua família...

Não tivemos um filho; as razões ? Não sabemos ao certo> tentamos tratamentos, remédios, regimes especiais, mas nada. Tentamos a contagem de espermatozoides (eu mesmo ajudei a contar,err,brincadeira!). A família nos olhava com olhos gordos e como algo antinatural. A natureza segue seu ciclo e aqueles apartados dela fazem a diferença; pelo menos eu pensava assim.

Saí de casa para espairecer e não pensar mais naquilo. Foi então que topei com o professor Avogadro:

-Advogado?

-Não, Avogadro-fazia questão de afirmar- meu pai foi um químico notável; 6,02 X 10²³ ; o número de Avogadro- 1 mol.- Dizia aquilo como uma criança que ganhara um novo brinquedo. Estávamos naquele boteco nefasto, que nunca frequentaria :

“FIADO SÓ PARA MAIORES DE 99 ANOS, ACOMPANHADOS DOS PAIS”-curioso. Aquele bolinho na mesa era um objeto estranho; talvez alienígena.

-O homem não pode fugir de seu destino e nem do sofrimento.- Começou a falar de repente.-Diante disso não temos o que temer; cada um tem o seu quinhão de desgraça; alguns países são secos e tórridos; em outros se congela; em us há vulcões; em outros há enchentes. E, nos países tranquilos, morre-se de tédio. O ser humano, eterno descontente; nunca está tranquilo e conformado.