O CASAL DE TRÊS
O CASAL DE TRÊS.
GAMA GANTOIS.
Jurema chegou à casa fula da vida:
- Cachorro, imbecil. Ah! Mas não vai ficar assim. Aquele cretino me paga. Ora se paga.
Ouvindo os lamentos da filha d. Mafalda levantou-se e foi ver o que estava acontecendo.
- Jurema, minha filha, o que houve? Porque tanto ódio?Tanta raiva? Esses sentimentos fazem um mal danado à saúde.
- Foi o Eleutério. Você acredita que aquele canalha teve a ousadia de encostar a mão em mim? Deu-me dois violentos tapas na cara. Na cara, mãe. Fora duas bofetadas daquelas que têm som. Ainda sinto os dedos daquele crápula na minha cara.
- Miserável. Esse pulha do Eleutério só faz isso, porque ele sabe que você não tem homem para lhe defender. Se o finado Oscarino, seu pai, fosse vivo, esse safado ia ver com quantos paus se faz uma canoa. Onde já se viu um homem bater numa mulher. Isto é uma covardia inominável.
- Mas, tem o pior!
- Tem mais ainda?
- Tem. O pior mamãe é que eu gostei. Adorei apanhar na cara.
- Mas, minha filha, isto não é normal. Você deve estar com alguma doença. Amanhã mesmo vamos procurar um Psicólogo, Psiquiatra, sei lá, mas vamos tratar essa doença.
- Mãe, minha mãe! Isto não é doença. Pelo contrário é saudável, salutar, normal.
- Como normal? Você acha salutar, normal uma mulher apanhar do seu homem?
_ È claro que é. Todas as mulheres normais gostam de apanhar, só as loucas reagem. Como eu gosto, sou normal, logo não preciso de médico algum.
- Você perdeu de vez a noção de dignidade. Você endoidou mesmo. Onde já se viu uma coisa dessas? Pela sua teoria, então, eu não sou normal, pois, nunca gostei de apanhar. Uma vez, Oscarino, seu pai, tentou me bater, ficou só na tentativa. Peguei o facão de cortar carne e partir pra dentro dele. Nunca mais ele ousou a levantar a mão pra mim. Nunca mais, filha!. È assim, que deve agir uma mulher.
- Pena mãe. Você não sabe como é bom apanhar do nosso homem. Do homem que amamos. E por falar nisso, porque você não arranja um companheiro? Você ainda é jovem, bonita tem apenas 49 anos. Aproveite a vida. Olha mãe. Só se vive uma vez.
- Filha. Quem foi mulher do Oscarino, não tem mais emoção por homem nenhum.
- Como você sabe? Nunca conheceu outro homem?
O tempo foi passando e cada vez mais Jurema ficava apaixonada pelo Eleutério. Quando ela voltava para casa, depois de uma noite de amor e de surra com Eleutério, encontrava d. Mafalda lhe esperando para que ela contasse com os mínimos detalhes os fatos acontecidos entre o casal. Era um relatório completo. Jurema não se fazia de rogada. Abria o verbo.
- Bem, assim que chegamos ao motel ele deu-me dois sonoros tapas na cara, do jeito que eu gosto. Depois como um selvagem me jogou sobre a cama pulando sobre mim, rasgando toda a minha roupa íntima.
Mafalda ouvia tudo de olho rútilo e lábios trêmulos, suplicando a filha para que ela contasse mais.
- Não, pára minha filha, prossegue, prossegue
- Jurema abria o verbo. Contava com uma desfaçatez para mãe todas as intimidades praticadas pelo casal. Mafalda exultava. Depois corria pro chuveiro.
Pois bem! Certo dia quando Mafalda arrumava o quarto da filha, encontrou o livro de endereços de Jurema. Mafalda não titubeou. Foi logo na letra E. Lá encontrou o telefone do futuro genro. Durante a maior parte do dia, viveu um conflito sem precedente na sua vida. Uma metade do seu eu dizia pra ligar para Eleutério; A outra metade condenava a sua atitude e desaconselhava à ligação. Quase ao cair da tarde tomou uma resolução. Pegou o telefone e ligou:
- Alô! È seu Eleutério?
- Sim! Quem fala?
-Aqui é Mafalda, mãe de Jurema, sua futura sogra.
-Minha nossa? Como você descobriu o meu telefone?Foi a Jurema quem lhe deu o meu número?
- Nada disto. Futuramente lhe direi. Mas, agora, isto na interessa.
Esse foi o primeiro telefonema de uma série de outros. Finalmente depois de trinta dias se falando diariamente por quase uma hora, resolveram marcar um encontro. Este aconteceria no apartamento do rapaz. Quando lá chegou Eleutério indo ao seu encontro, começou a tratá-la com finura e fidalguia. Ela o rejeita e lhe diz com absoluta certeza;
-Quero o mesmo tratamento que você dá a minha filha. Eleutério, então, coloca no canto da boca o seu sorriso mais cínico e enfia o braço na coroa. Esta. Cada vez mais histérica gritava:
- Bate seu canalha, bate com mais força.
A partir desse episódio Eleutério foi morar com as duas mulheres.
Nas noites de amor entre os três os vizinhos ouviam gritos de dor e gemidos de prazer das mulheres. Já acostumados com aquela cenas diziam:
- È a noite de amor do casal de três.