Filho de pai sem mãe.
Este foi o meu primeiro suspiro. Antes de nascer, foram meses tentando sair. Quando nasci fiquei muito feliz e meu pai também. Ele criou-me com muito carinho e ficava ansioso sobre o meu futuro. Eu passava a maior parte do tempo no meu quarto. Era um quarto pequeno, apertado, pouco arejado e com pouca mobília e havia uma estante com muitos livros. Passava dia e noite deitado. Meu pai vinha de vez em quando até mim. Pegava-me e olhava-me com ternura e colocava-me na minha cama-gaveta de tão insignificante que eu era. Disse-me que eu era prematuro e não queria que as pessoas me vissem. Passei muitos anos naquele quarto dentro daquela gaveta. Até que o meu dia chegou e meu pai revelou-me ao mundo. O receio dele era que quando isso acontecesse. Eu não mais só o pertencesse. Eu seria do mundo. Pode até ser verdade. Mas trago comigo o nome dele na minha certidão de nascimento.
Pedro Barros.