O DESPREZÍVEL

O DESPREZÍVEL

GAMA GANTOIS

Nadir era uma mulher muito linda e muito rica. O que tinha de beleza e de riqueza tinha de leviana. Vivia em festas, viagens e romances, sem, contudo, se fixar em homem algum. Achava todos eles uns chatos, oportunista que só queriam seu dinheiro. Dessa forma, ia levando a vida de forma inconseqüente.

No entanto, certa ocasião, numa festinha conheceu Serapião Professor de português, um homem culto, quase belo, que a ignorou durante a festa. Nadir não estava acostumada ao desprezo do sexo oposto, ao contrário, estes caiam aos seus pés.

Voluntariosa tanto fez que acabou conversando com Serapião. Ao fim da noite, estava bastante impressionada com o rapaz. Mas, um pouco estava apaixonada. Foi uma paixão avassaladora. Um vulcão em erupção. Seu pai quando soube do namoro da filha e vendo a desigualdade social que existia entre eles, chamou a filha para uma conversa pra lá de séria.

- Olha, aqui minha filha. Você tem uma vida de rainha, nada lhe falta. Aqui você tem tudo. Vestidos caros, perfumes importados, jóias caríssimas, dois automóveis, com motoristas para lhe levar para qualquer parte do país. Agora me responda: Vai trocar todo esse conforto, todo esse luxo, por uma vida miserável. Vai?

- Pai, eu amo ele de verdade, Não consigo mais viver sem ele, você entende?

- Filha, na vida não podemos viver só de amor. O dinheiro pode não ser tudo, mais é fundamental para o equilíbrio de uma união. Você já viu o salário de um professor? Sabe quanto ganha? Pois, bem eu lhe digo: Menos que catador de lixo. Catador de lixo, minha filha. Pense nisto.

- Mas, pai é como já disse. Eu o amo. E depois você pode dar uma ajudazinha, nomeando ele para um bom cargo na empresa, não pode?

- Não, sei não. Geralmente esses professores são metidos a moralistas, educadores, orgulhosos e outros bichos. Vamos ver.

- Você aceita o meu casamento?

- filha que eu mais quero é lhe ver feliz. Mas, depois não diga que não lhe avisei.

O CASAMENTO.

Na véspera do casamento chamou o noivo para um canto. Queria ter com ele uma conversa reservada. Fechou-se com ele no gabinete do pai e abriu o verbo:

- Meu bem! Eu sei que os governos do nosso país, não lhes interessam uma educação de qualidade. Por isso, eles pagam péssimos salários aos professores. Eu sei que vocês recebem uma merreca, que mal dá para sobreviver. Sendo assim, querido tomei a liberdade de pedir ao papai, para encaixá-lo na diretoria da nossa empresa. Você poderá continuar lecionando. Está feliz?

- Estou uma fera contigo. E quando fico com raiva sinto o gosta de sangue na boca. Perco a minha educação, a minha classe. Calços os tamancos e saio por aí dando tamancadas. Você não tinha nada que falar com seu sem ante me consultar. Aprenda uma coisa. Comigo quem manda sou eu. Eu sou homem. Mulher minha deve obediência cega, entendeu?- Sim entendi. – Você terá que viver com o meu salário. O salário de um professor honesto. Vai viver como dizes com a minha merreca; Está de acordo?

- Desculpe amor. Eu só queria ajudar!

- È mais não ajudou.

Por solicitação do noivo a cerimônia nupcial aconteceu somente no religioso. Serapião não queria ostentação. E assim, foi.

VIDA NOVA.

Seis meses depois do casamento Nadir estava desesperada. Acostumada ao luxo e a gastança agora tinha que economizar. Gastar o mínimo possível. Nada de festa, jantares em restaurante famosos, vestidos caros, jóias, nada. Nadir já não agüentava mais aquela vida de privações. Já estava até pensado em separação, mas, o gênio violento do marido, a fez recuar da idéia. Serapião era um colecionador de armas e isto a apavorava.

O AMANTE

Certo dia quando vinha da feira carregando algumas sacolas, ouviu a buzina de um carro. Ela não tinha o hábito de olhar, mas, estava tão cansada que lançou um olhar quase suplicando socorro. Acabou aceitando carona. Bom, foi o primeiro passo para o adultério. Altamiro, era esse o nome do homem que lhe dera carona, era jovem, e possuía uma boa situação financeira.

Passaram a se falar por telefone todos os dias. Sem perceber Nadir foi se envolvendo com amante, mas jamais permitiu algo que passasse de uns beijos nas mãos ou no rosto. O rapaz insistia para ter com ela encontros íntimos, o que ela rechaçava. Água molhe em pedra dura tanto bate até que fura. Assim, Nadir acabou cedendo à pressão. Nadir não estava à vontade com aquela situação. Dizia sempre que era mulher de um homem só. Acabou confessando que não se permitia ter mais nada com o esposo. Nem um mísero beijo. E dizia:

- Não vou trair quem amo, nem com o meu marido;

Temendo a reação do esposo de Nadir, Altamiro tentava convencer a mulher;

_ Meu anjo. Assim ele acaba desconfiando. Ele é marido, têm direitos.

- Não quero saber disto. E tem mais. Qualquer dia eu revelo que tenho amante.

- Pelo amor Deus. Ele me mata. Vai me matar como se fosse um cachorro sarnento.

Passados alguns dias eis que Nadir chega á casa de Altamiro, carregando uma mala. Assustado o amante pergunta.

- O que é isto?

_Falei tudo pra ele.

_ Minha nossa, estou morto. Filha pelo amor de Deus volta pra casa. Volta pro seu marido. Aqui você não vai ficar.

Sem guarida do amante Nadir faz a viagem de volta. Quando Serapião chegou encontrou a mulher chorando. Ela lhe contou o ocorrido. O marido quase que arrastando a esposa foi com ela a casa do amante. Quando Altamiro ficou frente a frente com o seu rival, este, pensou que ia morrer. Então Serapião lhe disse:

- Olha aqui seu desprezível. O que você prefere. Ficar com ela ou levar um tira na cara. Escolha;

-Quase sem voz Altamiro sussurrou:

- Com ela.

-Toma. Ela a partir de agora é sua. E tem mais. Se não cuidar muito bem dela, meto-lhe uma bala entre os olhos, entendeu?

- Entendi,

Ao sair dali, Serapião liga o celular para Arnaldo, um grande amigo seu e faz um convite:

_ Oi Arnaldo. Topa uma farrinha hoje, meu amor?

-

Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 14/01/2016
Reeditado em 04/02/2016
Código do texto: T5511118
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