A Quadratura do Círculo-cap. III

E fui conhecer sua família; ela disfarçava bem; os pais queriam casamento em igreja, festa com bolo e convidados; uma representação oficial de dignidade.

Afinal, o que queremos da vida? Alguém do lado e desfrutar de bons momentos, mas a sociedade cria uma série de embaraços, e todos faturam com isso... e são cabeleireiros, modistas, carpinteiros, garçons, maitres, pintores, pedreiros, açougueiros...

- Precisamos de mais um cheque pro homem das fotos...

-Já não tinha pago?

-É mais uma parcela!

Ah, quem me dera viver na tribo dos Pataxós!

-Você? Seria comido pelos mosquitos...O Rufino, talvez...

-Mas pelo menos eles não têm conta de luz, gás...

Começo a admirar o sr. Rousseau...o bom selvagem...ora, mais uma ilusão romântica. Nós não passamos sem um pizza pronta ou a televisão na sala.

Mas é preciso comprar aquele conjunto estofado amarelo-Saintropez, última moda em Pindamonhangaba? O caçador com a sua Ula do lado, uma caverna razoavelmente confortável; dar uma volta de vez em quando; eis tudo o que se precisa...

-Mas a minha amiga Joana comprou uma minissaia divina!

-Tá bom!

A caverna , hoje em dia, é mais sofisticada.

De vez em quando o dono da caverna ruge:

-Não posso! Não vou dar mais dinheiro! O caixa do Banco Central fechou! Chega!

Apesar de satisfazer todas ,ou muitas de suas vontades, ela reparou no meu melhor amigo:

-Oi, eu e Bartolomeu nos conhecemos desde crianças...

-Estranho...geralmente as amizades de homens são fugazes...

Senti algo mais na troca de olhares:

-Venha sempre em nossa casa...gostei da visita...

Pressenti tudo naquele olhar!