UM MARIDO E UM AMANTE
UM MARIDO E UM AMANTE.
gama gantois
Conheceram-se num café e a partir daí passaram se encontrar quase todos os dias. Foi uma paixão devoradora. Não se desgrudavam mais. À noite quando chegavam a casa após estarem junto por algumas horas, era obrigatório se falarem por telefone. Ficavam até altas horas da noite grudadas ao aparelho;
-Então, gostou? Como estive hoje?
- Maravilhosa como sempre. A cada encontro você se supera. Está cada vez melhor.
-Não exagera meu filho! Não exagera.
- Não estou exagerando. Falo de coração.
- Então, amanhã as mesmas horas, no mesmo lugar?
- Se Deus quiser e Ele há de querer.
- Com certeza. Então, até
-Até.
Tereza conhecera Oswaldo há pouco tempo, mais parecia que se conheciam de encarnações passadas, tais afinidades que existiam entre eles. Tudo levava a crer que nasceram um para outro. Lá pelo quinto encontro Oswaldo segurando a mão esquerda da amada, levou um susto.
_ Que aliança é esta?
- Minha aliança de casada, ora esta.
- Você é casada?
- Claro. Não sabia?
-Juro que não.
- Pois sou. Cansadíssima há cinco anos.
- Estou besta, com a cara no chão! Posso lhe fazer uma pergunta?
–Faz faz.
- Não lhe dói fazer isso com seu marido? Responde!.
A resposta foi vaga. – Meu marido é muito sério! Sério demais. Imagina que ele acha que certas coisas não se devem fazer com esposa. Pra ele a esposa é sagrada, uma santa e não uma mulher com desejos, e outras ansiedades. Meu marido é uma besta. Um quadrúpede nessa questão sexual. Nas demais, é um santo.
- Mesmo assim meu anjo, não acho certo. Não está correto.
Oswaldo saiu daquele encontro com o gosto amargo. Seu primeiro pensamento foi terminar tudo com Tereza. Acontece que já a amava demais. Tereza era oásis que necessitava pra viver. O oxigênio que lhe dava vida. A última esperança de ser feliz, pois, afinal, já não era nenhuma criança. Era um lobo solitário. Naquele momento estabeleceu um grande conflito no seu pensamento. Oswaldo estava desesperado. Seus pés tocavam no asfalto, mas, sua cabeça estava no espaço. Estava tão distraído que não ouviu o chamado do seu grande amigo Rogério. Foi preciso que este o segurasse pelo braço para que Oswaldo saísse do seu estado letárgico. De volta á realidade Oswaldo desabafou com o amigo. Contou-lhe o seu drama. Este com menos escrúpulo do que o amigo foi logo aconselhando:
- Deixa de ser burro, homem de Deus. Aproveita. Tu não gostas dela? Pois, então? Vá em frente.
- Meu caro eu acho essa situação uma sujeira abominável.
- Vá em frente. Há coisas piores. A vida é muito curta. Quando menos se espera a morte vem e nos leva. Só se vive uma vez. Somos feitos de carne e osso. Espírito, alma, são invenções pra enganar os trouxas. Vá em frente.
Oswaldo saiu daquele encontro mais aliviado, porém não convencido. Passou a noite em claro em busca de uma solução.
No dia seguinte tinha a solução para o problema. Ligou para Tereza e marcou um encontro de emergência. Quando ela chegou foi logo dizendo:
_ Tenho a solução para o nosso caso. Você larga a besta do seu marido, e vem morar comigo.
_ Benzinho porque complicar uma relação que está dando certo? Vamos deixar como está que está ótimo.
- Não, meu amor. Minha consciência está reprovando este meu modo de vida. Isto é uma grande sujeira. Você tem que escolher. Ou eu ou ele.
- Não posso. Amo os dois. Eu quero os dois.
- Mas, eu não divido mulher. Mulher pra mim tem que ser de um homem só.
- Ou os dois ou nada feito.
-Então, nada feito.
Tereza levantou-se do banco do jardim e caminhou na direção do ônibus. Vendo que a mulher se afastava Oswaldo saiu correndo e quase chorando disse:
- Ta bem. Aceito. Você fica com os dois. Um marido e um amante.