A SOBREMESA

Olá, me chamo José. Tenho 73 anos, sou engenheiro. Gostaria de compartilhar com vocês um pouco da minha história.

Terminei a faculdade. Saí da minha cidade e resolvi ir para o Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.

Vim para o Rio de Janeiro, não conhecia praticamente ninguém. Sabia que tinha um amigo que veio antes e decidi procurar por ele.

Sem dinheiro, sem amigos, sem rumo. Com muitos projetos e sonhos.

Fui para a Zona Sul. Cheguei até dormir na rua.

Certo domingo, senti no coração de entrar na igreja e assistir ao culto. Fui muito bem recebido.

Para espanto meu, meu amigo estava lá. Naquela igreja!

Muita coincidência, ou Jesuscidência, como muitos falam.

Ao término do culto. Expliquei ao meu amigo, que eu estava disposto a ter o Rio de Janeiro como minha nova cidade. Meu amigo, muito hospitaleiro, me convidou para ficar em sua casa até conseguir um emprego.

Por três meses fiquei desempregado. Por três longos meses minha alimentação diária era um pão na chapa e uma média.

Continuei frequentando a igreja, me tornei membro, mas não falei para ninguém minha situação. Orgulho!

Sou muito comunicativo. Em pouco tempo fiz muitas amizades na igreja.

Um dos amigos, todo domingo, ao término do culto, sempre me chamava para almoçar com ele em um restaurante. Eu sempre ia, ele gentilmente sempre pagava. Mas nunca lhe contei que não tinha dinheiro. Sempre tinha um medo danado de ele um dia falar para eu pagar a minha conta. Por isso nunca aceitava comer a sobremesa, talvez, por uma questão de peso na consciência.

Ele ficava rindo, dizendo que eu não gostava de nada, mal sabia ele que eu estava doido por um sorvete. Mas não tinha como pagar.

Três meses nessa luta por um emprego, finalmente consegui um trabalho.

Quinze dias depois, me mandaram ir ao escritório. Tive muito medo, pensei que seria demitido.

Ao chegar lá, finalmente, soube o motivo de ir parar no escritóri. Era porque a empresa pagava de quinze em quinze dias. Que alívio!

Pegando aquele dinheiro, uma quinta-feira, fui até o restaurante que eu almoçava aos domingos.

Chegando lá, o garçom já me conhecia, e sabia o que eu pedia sempre.

Depois de apreciar aquela comida, eu pedi a sobremesa, pedi um sorvete!

Terminando de saborear aquele sorvete, pedi a conta.

O garçom riu e perguntou:

- três meses almoçando aqui, e ainda não sabe o valor da conta?

Prontamente respondi:

- não sei não. Lembra? É a primeira vez que peço a sobremesa.

Gui Costa
Enviado por Gui Costa em 09/01/2016
Código do texto: T5505769
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.