O MACHÃO
O MACHÃO
GAMA GANTOIS
Matheus Peixoto era um típico nordestino, Major do exército brasileiro, e como tal não podia se conformar em ter apenas mulheres como filhas. Seu sonho dourado era ter um filho macho para dar continuidade ao seu nome e continuar linhagem de cabras machos da família. E quem sabe seguir a carreira militar. Por isso, dizia para a sua mulher, Antonia, que iria tentar até que Deus lhe mandasse um filho macho. Assim, depois de cinco tentativas frustradas quase morreu de alegria quando soube que sua esposa estava grávida. Algo lhe dizia que desta vez seu se sonho se tornaria realidade.
Durante todo o período da gestação da sua esposa, Matheus não falava de outro assunto que não fosse o nascimento do seu filho varão. Quando indagado a causa de tanta certeza de ter um filho macho, respondia: - A minha crença em Deus. Ele vai atender as minhas preces.
Noves meses depois para a alegria do nosso Matheus, d. Antonia dava a luz a um lindo e robusto guri, desde logo batizado pelo pai com o nome de Floriano em homenagem ao ex-militar e Presidente da República Floriano Peixoto, o "Marechal de Ferro".
Floriano ou Flori, como era chamado, foi crescendo no meio do mundo das mulheres. Passou a conviver com as irmãs, mãe, tias. O único homem era o seu pai, que em minoria assistia o desenvolvimento do filho. Este sempre que podia aconselhava o menino: - Filho! Macho só brinca com macho. Nada de conviver com meninas, bonecas e outros bichos, entendeu? – sim, entendi.
As mulheres da casa, principalmente d. Antonia achava muito estranho, que a grande maioria de amigos do seu filho fosse de meninos. Ao expor sua opinião diante do marido, ouviu deste:
- Mulher, não se meta na educação do meu filho. Cuide das meninas, e deixe que do meu filho cuido eu. Macho é assim mesmo. Macho procura sempre os seus iguais. E você vê se não me amola. Só me faltava esta!
O tempo foi passando Florianinho tornou-se adolescente e o grupo de amigos machos, do filho do seu Matheus ia aumentando cada vez mais. Este orgulhoso do filho muitas vezes ficava escondido ouvindo as histórias que eles contavam das farras que tinham feitos na noite anterior. O velho machão, esfregava as mãos numa alegria só. – Este é o meu filho. Sangue do meu sangue, carne da minha carne. Quem sai aos seus não degenera. Fazia propaganda da masculinidade do filho, a todos os amigos do quartel. Os outros militares achavam que na verdade o filho do colega estava caminhando pela estrada da marginalidade, mas, para poupar o colega nada diziam.
Certo dia Mateus chamou o filho e teve a famosa conversa que todo pai tem com seu filho: A tal conversa de homem pra homem.
Floriano, meu filho venha cá. Sabe como é. Chega um momento na vida de um homem, de um machão como você, pigarreando, continuou, pois, é, como dizia chega um momento que ta na hora de um macho, ter a primeira experiência sexual da sua vida. Então, eu vou lhe orientar. O velho Matheus foi cortado pelo filho.
- Pai, não precisa continuar. Minha primeira experiência sexual foi aos onze anos, de lá pra Ca, não parei mais. –Ótimo, filho, ótimo. E você tem namorada?
-Claro, pai.
Com o olho rútilo, os lábios tremendo o velho militar saiu pela casa gritando numa alegria incontida. Assustada a mulher perguntou;
_ O que isto homem de Deus? Perdeu o juízo?
- Nada, não mulher. Nosso filho, ou melhor, meu filho, o filho que eu criei é um garanhão de primeira. Sabe com idade ele conheceu uma mulher, sabe? Aos onze anos, onze anos. Eu com essa idade nem pensava nisto. Minha primeira vez foi aos quinze. E sabe o que ele me disse? – Não, não sei.
-Que tem namorada. Imagina eu sou quase avô e não sabia. Esse Floriano me saiu melhor do que a encomenda. Vou querer conhecer minha futura nora e vou exigir dela que me dê pelo menos uma dúzia de netos, todos machos.
- Não exagere meu filho, não exagere. Vá com calma.
- Matheus não ouviu as últimas palavras da mulher. Sua alegria o tornava surdo.
Os dias se passaram menos a alegria daquele pai. Um domingo quando o filho se preparava para ir ao maracanã assisti ao jogo do Fluminense, aliás, clube de coração de seu Matheus, este pergunta:
- então, garoto quando vai trazer a namorada pra gente conhecer?
- hoje mesmo. Depois do jogo.
-- Hoje então, finalmente vou conhecer minha nora?
- Vai.
Matheus ficou com ouvido colado ao rádio pedindo a Deus que o jogo terminasse. Mandou preparar uma bela ceia para que tudo estivesse perfeito, afinal, a mulher do seu filho, deveria ser uma pessoa exigente, refinada, de ótima família.
Lá pelas vinte horas, eis que chega Floriano Peixoto acompanhado de um amigo. O velho militar então pergunta:
-O que aconteceu. Floriano. Cadê a minha nora?
-Ela não, pai, ele está aqui. Só que não é nora é genro. Pai apresento meu namorado, Luizão, chefe da Flu-gay. È com ele que desejo me casar.
- Um infarto fulminante matou o velho machão.