O lOUCO
O LOUCO
GAMA GANTOIS.
Na véspera do casamento Otávio suspirando perguntou á noiva, Lenora.
- Meu anjo, posso lhe fazer uma pergunta?
- Manda lá querido.
- Quantas vezes por dia,você arruma casa?
- Como assim, quantas vezes?
-È. Quantas vezes, ela é varrida, espanada, enfim arrumada?
- Ora, querido. Uma vez por dia
-Uma? Otávio caiu das nuvens, que segundo Machado de Assis, é melhor, do que cair do quarto andar.
- Sim. Uma. Porque acha pouco?
- Acho.
- Lenora vira-se entre surpresa e admirada achando aquele papo pra lá de divertido.
Otávio continuando sua conversa estranhíssima continua falando sobre a limpeza da casa.
- Sei, que todo mundo faz uma única limpeza por dia, mas, meu anjo. Você não acha pouco?
- Não. Não acho. Acho suficiente.
- Pois, eu não concordo. Por exemplo, na minha casa faço a limpeza pelo menos três vezes por dia.
_Exagero, meu filho, exagero! Olha, amor vá tirando o seu cavalinho da chuva, porque não vou gastar o meu precioso tempo limpando a casa três vezes por dia. Como recém casada, em plena lua de mel, você não acha que temos algo melhor pra fazer do que ficarmos faxinando a nossa casa?
O noivo ia replicar quando a noiva foi chamada pra a atender ao telefone. Sozinho na sala da casa da noiva praguejou:
- Ora, bolas.!
O CASAMENTO.
A Igreja estava lotada de parentes e amigos. Pra dizer a verdade, ambos, estavam loucos pelo final da cerimônia, para finalmente ficarem a sós. A festa ia ocorrer num apartamento de amigo cedido especialmente para este fim. Finda a cerimônia religiosa, o casal correu para o apartamento onde iam passar a lua de mel arrumado por Lenora com muito amor e capricho.
Assim, que chegaram vivendo aquela loucura da primeira noite, Lenora toda amorosa, disse para o noivo para que ele aguardasse um instante já que ela queria tomar um bom banho, se perfumar pra ele, já que almejava que aquela noite fosse perfeita.
Otávio aquiesceu com um leve movimento de cabeça, jogou-se numa poltrona pacientemente. Ficou quieto por alguns instantes. De repente quase sem querer passou o dedo indicador na poltrona, e ficou horrorizado. A ponta do dedo estava cheio poeira. Imediatamente levantou-se e começou a inspecionar os outros móveis. Todos estavam empoeirados. Nesse momento, Lenora já de banho tomado, vem ao seu encontro esbanjando amor. Otávio recua. Lenora avança. Otávio segura uma cadeira como se fosse escudo, para impedir qualquer contato com a esposa. Lenora sem entender nada desabotoava o vestido deixando amostra partes do seu belo corpo.
Otávio bastante agitado abre a porta do apartamento e começa a gritar no corredor:
- È uma porca. Tirem essa mulher daqui. Casei com uma porca. Os vizinhos só entenderam o que estava acontecendo quando viram Otávio imobilizado numa camisa de força, a caminho do hospício.