Esther
Janeiro, estação chuvosa na Amazônia, ainda não existia boa segurança nos voos da região, os pilotos precisavam ter experiência e habilidade para voar com precários instrumentos de voo, na época só sendo permitido voar em algumas rotas das seis às dezoito horas, e poucas companhias aéreas operavam na região amazônica. Nosso voo teve início em Marabá no Pará, voando em baixa altitude. O comandante Roland se orientava pelo leito dos rios e eu enxergava a copa das árvores a pouca distância da asa da aeronave, mas esse perigo pouco importava e eu me deliciava com a belíssima paisagem amazônica.
Creio tenha sido esta visão de aventura, florestas e rios que contribuiu para eu permanecer por muito tempo nesse continente verde de florestas e água, o maior ecossistema do planeta. Voávamos há cinquenta minutos e não havíamos visualizado a cidade onde deveríamos pousar numa escala antes de chegar ao destino final que seria a cidade de Belém. Voamos mais trinta minutos e percebi ansiedade entre os passageiros. Dirigi-me ao comandante pedindo explicação, e ele me informou que em decorrência da precária visibilidade havia mudado o curso e estávamos indo pousar numa fazenda. Roland dirigindo-se aos passageiros informou que com segurança faria um pouso de emergência numa fazenda próximo ao rio, para pernoitarmos com segurança.
Por alguns minutos voamos em círculos numa preparação para a aterrissagem. Eu conhecia a aeronave; um DC3, avião de transporte de tropas na segunda guerra e seu comandante que havia tripulado aquele equipamento durante a guerra, dessa forma pude acreditar que tudo daria certo. Finalmente quando o sol no horizonte declinava, estávamos em terra ouvindo explicações da tripulação e felizes por estarmos a salvo. Enquanto algumas aflitas pessoas reclamavam da sorte, eu me sentia envolvido numa feliz aventura, muito do meu agrado. Leôncio, o proprietário da fazendo informou que havia acomodações para todos; os homens ficariam num amplo galpão aberto e as mulheres, crianças e idosos seriam hospedados na casa grande. Às vinte horas seria servido um jantar para todos e às sete da manhã o café matinal.
Serviram um farto jantar sem nada faltar. No Pará é assim, os moradores são bons anfitriões e amigos. Após o jantar deitei-me numa rede sob o galpão, quando surgiu uma forte chuva com relâmpagos e trovões, fenômeno natural na Amazônia. O vento trouxe a chuva para dentro da minha rede e em poucos minutos minha roupa estava encharcada. Uma pessoa da fazenda me instalou num confortável quarto dentro da casa, com duas camas, banheiro e, sozinho deitei-me. Era meia noite quando acordei ouvindo leves toques na porta.
Levantei-me e, ao abrir inesperadamente deparei-me com uma formosa jovem que se apresentou dizendo chamar-se Esther, justificando que havia chegado tarde, não querendo incomodar outras pessoas pedia para dormir no meu quarto, sabendo da existência das duas camas. Acolhi a moça, que agradeceu e naturalmente tomou posse da outra cama junto à minha. Deitado, observava seus graciosos movimentos, quando com naturalidade se despiu; seu corpo tinha a perfeição que os escultores sonham um dia criar e exalava um perfume que somente a natureza concebe, seus olhos pareciam puras esmeraldas. Com um sorriso de criança olhou para mim e adormeceu. Achei tudo estranho e extasiado mergulhei em seus encantos, parecendo um sonho dourado numa noite risonha. Esther dormiu com um semblante calmo e sereno. Horas depois, embevecido e pensando em Esther adormeci.
Com o trinar dos passarinhos bruscamente acordei e a cama de Esther estava vazia, chamei-a e, sem resposta saí a procura-la, em vão. Lembrei-me do café matinal e também lá não a encontrei. Corri em volta da casa na esperança de vê-la, mas só encontrei Leôncio que logo abriu um largo sorriso dizendo: O que deseja meu caro jovem? – Preciso falar com uma moça de nome Esther. Pensativo ele respondeu: eu tinha uma filha com esse nome, que faleceu em Salvador, lugar aonde morava e estudava medicina. O quarto onde você dormiu era de Esther que ocupava quando aqui vinha de férias. Eu a amava muito, mas hoje é só saudade que me dá força para viver e sonhar. Creio que a minha saudade para aqui transporta sua imagem indelével, completou Leôncio. Quando me dirigi para o embarque à maioria dos passageiros já estava a bordo. Com olhos pejados de lagrimas olhei pela janelinha do avião e acenando enxerguei Esther sorrindo com ternura. No semblante guardava o sulco fundamental da doçura. Com o coração mergulhado na tristeza, chorei de saudade e na lembrança guardei para sempre sua luminosa imagem.
Janeiro, estação chuvosa na Amazônia, ainda não existia boa segurança nos voos da região, os pilotos precisavam ter experiência e habilidade para voar com precários instrumentos de voo, na época só sendo permitido voar em algumas rotas das seis às dezoito horas, e poucas companhias aéreas operavam na região amazônica. Nosso voo teve início em Marabá no Pará, voando em baixa altitude. O comandante Roland se orientava pelo leito dos rios e eu enxergava a copa das árvores a pouca distância da asa da aeronave, mas esse perigo pouco importava e eu me deliciava com a belíssima paisagem amazônica.
Creio tenha sido esta visão de aventura, florestas e rios que contribuiu para eu permanecer por muito tempo nesse continente verde de florestas e água, o maior ecossistema do planeta. Voávamos há cinquenta minutos e não havíamos visualizado a cidade onde deveríamos pousar numa escala antes de chegar ao destino final que seria a cidade de Belém. Voamos mais trinta minutos e percebi ansiedade entre os passageiros. Dirigi-me ao comandante pedindo explicação, e ele me informou que em decorrência da precária visibilidade havia mudado o curso e estávamos indo pousar numa fazenda. Roland dirigindo-se aos passageiros informou que com segurança faria um pouso de emergência numa fazenda próximo ao rio, para pernoitarmos com segurança.
Por alguns minutos voamos em círculos numa preparação para a aterrissagem. Eu conhecia a aeronave; um DC3, avião de transporte de tropas na segunda guerra e seu comandante que havia tripulado aquele equipamento durante a guerra, dessa forma pude acreditar que tudo daria certo. Finalmente quando o sol no horizonte declinava, estávamos em terra ouvindo explicações da tripulação e felizes por estarmos a salvo. Enquanto algumas aflitas pessoas reclamavam da sorte, eu me sentia envolvido numa feliz aventura, muito do meu agrado. Leôncio, o proprietário da fazendo informou que havia acomodações para todos; os homens ficariam num amplo galpão aberto e as mulheres, crianças e idosos seriam hospedados na casa grande. Às vinte horas seria servido um jantar para todos e às sete da manhã o café matinal.
Serviram um farto jantar sem nada faltar. No Pará é assim, os moradores são bons anfitriões e amigos. Após o jantar deitei-me numa rede sob o galpão, quando surgiu uma forte chuva com relâmpagos e trovões, fenômeno natural na Amazônia. O vento trouxe a chuva para dentro da minha rede e em poucos minutos minha roupa estava encharcada. Uma pessoa da fazenda me instalou num confortável quarto dentro da casa, com duas camas, banheiro e, sozinho deitei-me. Era meia noite quando acordei ouvindo leves toques na porta.
Levantei-me e, ao abrir inesperadamente deparei-me com uma formosa jovem que se apresentou dizendo chamar-se Esther, justificando que havia chegado tarde, não querendo incomodar outras pessoas pedia para dormir no meu quarto, sabendo da existência das duas camas. Acolhi a moça, que agradeceu e naturalmente tomou posse da outra cama junto à minha. Deitado, observava seus graciosos movimentos, quando com naturalidade se despiu; seu corpo tinha a perfeição que os escultores sonham um dia criar e exalava um perfume que somente a natureza concebe, seus olhos pareciam puras esmeraldas. Com um sorriso de criança olhou para mim e adormeceu. Achei tudo estranho e extasiado mergulhei em seus encantos, parecendo um sonho dourado numa noite risonha. Esther dormiu com um semblante calmo e sereno. Horas depois, embevecido e pensando em Esther adormeci.
Com o trinar dos passarinhos bruscamente acordei e a cama de Esther estava vazia, chamei-a e, sem resposta saí a procura-la, em vão. Lembrei-me do café matinal e também lá não a encontrei. Corri em volta da casa na esperança de vê-la, mas só encontrei Leôncio que logo abriu um largo sorriso dizendo: O que deseja meu caro jovem? – Preciso falar com uma moça de nome Esther. Pensativo ele respondeu: eu tinha uma filha com esse nome, que faleceu em Salvador, lugar aonde morava e estudava medicina. O quarto onde você dormiu era de Esther que ocupava quando aqui vinha de férias. Eu a amava muito, mas hoje é só saudade que me dá força para viver e sonhar. Creio que a minha saudade para aqui transporta sua imagem indelével, completou Leôncio. Quando me dirigi para o embarque à maioria dos passageiros já estava a bordo. Com olhos pejados de lagrimas olhei pela janelinha do avião e acenando enxerguei Esther sorrindo com ternura. No semblante guardava o sulco fundamental da doçura. Com o coração mergulhado na tristeza, chorei de saudade e na lembrança guardei para sempre sua luminosa imagem.