O COVARDE

O COVARDE.

GAMA GANTOIS

Carminha caminhava pela Rua do ouvidor a procura de certo número. Marcara um encontro com seu amante, aliás, este seria o primeiro encontro do pecado. Mulher bonita conhecera Edmundo, ou melhor, Dr. Edmundo numa festinha de um amigo comum. Foi amor a primeira vista. Trocaram olhares, sorrisos e telefone. Só havia um empecilho. Carminha era casada, ou melhor, muito mais do que isto, era muitíssima bem casada. Seu marido, Professor de Educação Física, fazia o gênero machão, daquele que não leva desaforo pra casa. Pois bem, nossa história começa exatamente na festinha já citada. Para Carminha um romance secreto aquela altura do acontecimento da sua vida, só iria apimentar a sua relação com o marido.

Naquela noite não quis nada com o cônjuge. Só pensava naquele homem da festa e no seu número de telefone. Pela manhã com ansiedade na alma e no coração esperou a saída companheiro para o trabalho. Quase que imediatamente ligou o telefone. Presa pela emoção sua voz quase não saia da garganta, suas mãos tremiam o suor invadia seu corpo de boneca.

Conversaram quase quatro horas. Assim foram os dias subseqüentes. Durante meses, atracado ao telefone, Edmundo pedia: — “Vem, querida, vem!”. Carminha, que era nervosa,e além do mais temia a reação do marido, caso viesse a descobri o seu amor platônico dizia: — Escuta,Edmundo! Pelo amor de Deus! Já não te disse, que o meu marido é violento? Se ele descobre sobre nós dois é capaz de nos matar. Tenha paciência, homem de Deus. Você não é capaz de um amor espiritual? Sexo não é tudo na vida de um casal. Existem outros valores. Tenha paciência, homem de Deus.

Sim, respondeu o frustrado amante, Por você sou capaz de qualquer coisa. Mas, que diabo. A carne é fraca. Meu anjo. O sexo é sublime quando há amor. Agora me diga. Tu não me amas? E a moça: - Claro que te amo. Mas, tenho medo do meu marido ele é violento.- Querida ele jamais ira descobrir alguma coisa, eu prometo.

Assim, o tempo foi passando. Edmundo já não agüentava mais de tanta vontade em ter aquela mulher em seus braços. Ele insistia e Carminha negava, sempre alegando o medo da violência do marido.

Certa noite voltava o casal depois de assistirem a um filme no cinema do bairro, quando ao passarem pela porta do bar da esquina, um tampinha, que não devia ter mais de um metro e cinqüenta, mexeu com Carminha. Foi o bastante para o esposo de Carminha partir enraivecido contra o homenzinho. Ocorre o inesperado. O tal homem de metro e meio, era faixa preta de lutas marciais. Começa a dar uma surra homérica naquele homenzarrão de quase dois metros. Surrado preso num dos golpes mortais do lutador, eis que diz alto e bom som: - Agora, você vai repetir o que eu mandar, caso contrário será um homem morto. Preste atenção: Está prestando atenção; - Sim estou. Então repita comigo; - Piranha venha até aqui dar um beijo na boca desse meu grande amigo.

-Isso eu não vou fazer, disse Carminha. Desesperado seu marido chorando implorou: -Filha, por favor, faça o que ele está mandando.

Então, com cara de nojo, ela se aproximou do homenzinho e beijou-lhe a boca. Foi um beijo longo, de língua e tudo. Satisfeito o homenzinho ainda disse.

_ Ó piranha, quando quiseres um homem de verdade me procure ta legal

Logo pela manhã ligou o telefone para o amante e disse:

- Amor eu topo. Está topadíssimo. Meu marido é um poltrão. Não corremos perigo nenhum. Manda o endereço.

À tarde, estava Carminha na Rua Ouvidor a procura de certo número para ter o seu primeiro encontro com o pecado. Foi uma explosão de cores e luzes.

Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 30/12/2015
Reeditado em 30/01/2016
Código do texto: T5495807
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