O ímpeto de um débil mental

Josuel sai do recinto e sobe as escadas sem pressa, já premeditava a cena que estaria por vir. Transpôs a primeira porta e observou o jovem mimado e com cara de bruto tentando-lhe passar autoridade sobre um ímpeto de austeridade e olhar rígido. Josuel ri da cena, parecia um palhaço mal vestido desejoso para cativar a platéia com seus improvisos e textos mal decorados... O débil mental possuía fala arcaica, gestos vis e modos primitivos... Não consegue, não conseguiu e Josuel duvidava muito que pudesse conseguir argumentar seus motivos. Era amador demais para transmitir alguma idéia notável as pessoas de bem.

Gesticula, mas não consegue se impor... É um débil mental de passagem curta pela Terra. Pensou Josuel, conhecedor dessa espécie... Ouvia-se dizer que o débil mental pretendia ser engenheiro... Josuel analisava que o exercício dessa profissão exigia no mínimo bom senso. Algo que o débil mental jamais teve e infelizmente acreditava e afirmava aos berros possuir. Talvez fosse por isso que Josuel durante e principalmente após finalizar suas conversas com o débil mental sempre saia com a sensação que não conseguia construir algum pensamento complexo útil...

“Imagine se esse cara resolve construir uma casa, um prédio? Um carro, ou sei lá o que!”. Além da observação dos números, exige-se uma sensibilidade humana para observar as necessidades das pessoas antes de montar e construir projetos, erguer obras ou propor soluções mecanizadas aos seus beneficiários.

Josuel sempre a frente do seu tempo, mantendo-se tranqüilo, só perdia a paciência, após os 60 segundos de conversação, não havia possibilidade de acordo com o débil mental, ele desconhecia essa palavra também. Era raro ver Josuel perder a compostura com alguém, porém com débil mental era inevitável e por isso conseguia convencê-lo com argumentos fúteis, escolhia bem as palavras, pela pratica de ouvir e compreender bem o significado de cada uma delas. Aponta as virtudes sem esconder as falhas, vícios e possíveis hipocrisias que se ocultam nas entrelinhas de cada oração que lia ou ouvia de seu interlocutor.

Ele acreditava que o débil mental um dia conseguisse se estabelecer, racionalizar e por fim compreender a natureza humana... Mas, como um débil mental dificilmente pondera tais questionamentos, era nítido que com o passar do tempo suas esperanças em relação ao dito cujo diminuíssem. E Finalmente Josuel cansado dos discursos e falas vazias do débil mental conclui: “Só existe uma opção digna de apreciação, rápida e simples de resolver essa vicissitude que atormenta meu equilíbrio e paz de espírito. Ignoremos até a morte esse débil que crê ser e possuir algum valor.

Um fiel escudo de Josuel questiona: “Não é melhor matar Josuel?” Josuel pensa um pouquinho e responde: Não deixe-o viver, do contrário quem poderá nos fazer rir e servir de exemplo negativo para as nossas crianças e próximas gerações? Seres assim se matam sozinhos e serviram como boas lições para eles.

Segue-se um coletivo de acenos positivos das cabeças aos redor de Josuel.

José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 01/07/2007
Código do texto: T548497
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.