VELHOS TAMBÉM AMAM...

Era um domingo qualquer.

Acostumado a ir almoçar com sua “família de pessoas que ele não conhece”, ele adentrou se sozinho na pequena loja de

fest(a) food(a-se), fez o seu pedido, retirou a senha da espera e colocou se a esperar o seu lanche.

Escolheu uma mesa afastada, das pessoas de sua família

“ nem te vejo”, e ficou ali observando o movimento.

O tempo se ia, a demora persistia e a fome o “alimentando” cada vez mais com aquele cheiro de hambúrguer...

Hum... Hamburguer... Aquele feito de minhocas, de restos mortais de animais, fritos ao ponto de uma unha de camundongo ficar bem torradinha.

Pois bem ; com a demora, ele observador que é, viu que em uma mesa próxima a sua, havia uma senhora. Na faixa de uns 85 anos, idosamente bonita e bem vestida.

Com sua perspicácia ele pôs a se questionar. O que essa senhora faz aqui, Idosos não gostam de fest(a) food(a-se)? Pensava ele...

Depois da grande Demora por conta da quantidade dos “nem te vejo”, enfim o seu pão com restos mortais chegou. Faminto, tratou de comer e observar a apetitosa senhora.

Ele notou que a senhora, sempre que passava algum jovem rapaz carregando sua bandeja com o lanche, ela ficava olhando. Ora olhava o homem, ora olhava o lanche.

Era um olhar um tanto estranho, inquietante. Era tão atormentador para ele aquele olhar, que ele já havia terminado de comer o seu lanche, mas não se levantou para ir embora.

Ele ficou por mais de uma hora observando aquele comportamento .

Foi quando em um determinado momento, surgiu junto à sua mesa , um senhor.

Era um senhor de estatura média, na faixa de uns 70 anos, olhar penetrante de sábio, cabelos e bigode grisalhos, rosto largo, de biótipo nordestino e pele queimada pelo Sol. Ele estava bem vestido, mas havia um detalhe muito impactante, ele possuía em sua cabeça um chapéu, um chapéu de couro.

Ele ficou tão impressionado, pois no primeiro momento ele não percebeu o chapéu, muito menos que havia no chapéu um par de chifres, a presença do tal homem foi tanta, que ele deixou até de observar a intrigante senhora.

O homem com o chapéu o cumprimentou ao chegar, pediu licença para se sentar. A qual foi concedida pelo moço.

O observador rapaz após permitir a permanência daquele misterioso senhor, voltou a sua atenção para aquela senhora que estava próxima a sua mesa, e ficou a observando novamente. Ele notou que ela ainda olhava para os homens e para as bandejas.

Mas algo o chamou a atenção, ela ainda não havia comido.

Será que ela não tem dinheiro, ou irá ligar para alguém ao perceber uma possível vitima para um assalto? Pensou ele...

Continuando a se indagar, ele não percebeu que também estava sendo observado por aquele homem. Alguns instantes então depois ele novamente percebendo a presença do homem, virou se e perguntou.

_O senhor quer alguma coisa?

Então o homem lhe respondeu. _ Sim, quero saber.

_Qual é o teu Desejo? Perguntou o velho homem.

Ele espantado olhou o homem nos olhos, e ficou em silêncio.

O homem então lhe disse. _ Vejo que você está olhando muito para aquela mulher.

_O que você acha que ela está fazendo ali?

O rapaz olhou para a mulher, e voltou rapidamente o olhar para o homem.

_Não sei. Disse ele.

_Talvez esteja sem grana para comer?

O homem sorriu levemente e lhe disse.

_Ela está a procura de vida...

O rapaz, sem entender a frase, sorri e lhe diz.

_Uê mas ela não está viva?

Então o homem responde.

_ Sim, mas antes ela era a comida, hoje ela não é nem vista...

_Ela era desejada...

_É mas agora ela está velha, já era... Disse o rapaz.

_Filho, essa mulher deseja.

_Quem deseja, vive... Disse o velho sábio.

O rapaz vira-se, e volta a olhar aquela velha Dama, ele fica imaginando o que ela poderia fazer com aquele velho corpo.

Curioso com o que o sábio lhe disse ele se volta, e o olhando ele pergunta.

_Qual é o seu nome?

_Rulio Chapéu de Touro. Responde o sábio.

O rapaz sorri levemente debochado, e lhe diz.

_Posso te fazer uma pergunta?

Então o sábio responde.

_Sim, mas primeiro me conte.

_Qual é o teu desejo?

O rapaz se cala por um instante, olha para a velha dama, e percebe que ela já está comendo um tipo de salada. Ele a observa por alguns segundos e se volta para responder ao sábio.

Surpreso ao perceber que o velho sábio já não está mais ali, ele olha para os lados, levanta-se e vai embora.

Fim.

Biel Luz Rocha

Este é o meu primeiro conto.

Eu o dedico a uma poetisa do recanto.

Talvez eu saiba porque, mas não me pergunte pois eu não vou responder. Este conto foi inspirado em um poema escrito pela genial poetisa

Ene Ribeiro. Com carinho a você poetisa.

EVOLUZ...

Gabriel L Rocha
Enviado por Gabriel L Rocha em 07/12/2015
Reeditado em 07/12/2015
Código do texto: T5472430
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