O PÁSSARO FERIDO

Uma certa noite uma rolinha, que se perdera na escuridão da noite, caiu bem no quintal onde tinha uma cadelinha . A coitadinha tentou se livrar das patas enormes do cão, porém parecia uma luta em vão.

A rolinha tentou voar mas a cadela era muita rápida, logo a alcançou. Todavia ela não abocanhou o pobre pássaro, sua intenção era brincar com o mesmo. Mas aquela rolinha não ia pagar para ser o brinquedo daquela cadela brincalhona, saltava e batia com as asas .

A dona da cadela ouviu o barulho estranho e correu para o local . Viu então penas e mais penas espalhadas no terraço da casa. Observou bem e viu a cadela tentando pegar um passarinho. A senhora, amante da natureza, gritou o nome de sua cadela e esta parou imediatamente.

A mulher agarrou o pássaro e viu que ele estava ferido na asa e na cabeça. Ela sentiu muita dó daquela ave desprotegida. Pensou em soltar o pássaro, já que ele não iria sobreviver . Mas veio outro pensamento. E se ela, a ave, virasse comida de gato? Não, definitivamente ela não iria soltar aquele pássaro no meio da noite. A vida daquele bichinho estava em suas mãos. Ela agora iria decidir o destino do mesmo. Se era pra ele morrer, que morresse em outras circunstâncias. Ela estava decidida a acolher aquela vida .

A senhora pegou uma caixinha de sapato e fez muitos furos na mesma. Colocou a rolinha na caixinha e pôs um sapato em cima da caixa, assim o pássaro não fugiria. Já que era uma noite muito quente , a mulher deixou a caixinha em seu quarto, lá havia um ventilador e resfriava bem o local.

No outro dia a senhora se certificou se o pássaro ainda estava vivo, abriu a caixa e lá estava o passarinho, todo encolhidinho. Logo que viu um espaço tentou voar. A mulher ligeiramente fechou a caixa.

Sempre que a senhora ia trabalhar ela passava por um parque cheio de árvores . Lá tinha muitos pássaros e borboletas. Ela então resolveu soltar aquele pássaro ferido naquele parque. Se ele morresse que fosse em lugar cheio de passarinhos.

Ela então retirou o passarinho da caixinha, alisou suas peninhas e olhou bem nos olhinhos dele. O pássaro parecia que confiava naquela senhora, se encolheu em suas mãos e se agarrou em seus dedos. Ambos não precisavam de palavras , o amor daquela mulher por aquele pássaro estava visível. Ela havia se colocado em seu lugar. E se fosse ela , que estivesse encurralada em lugar desconhecido? E se ela fosse aquele pássaro?

A mulher caminhou por entre as árvores, e bem devagar se abaixou. Tocou o capim com a mão e deixou que o pássaro sentisse o cheirinho do mato. A senhora abriu a mão e a rolinha num voo emocionante cortou a copa das árvores e desapareceu. O coração da mulher vibrou de emoção. Ela tinha feito a coisa certa. Sua consciência estava tranquila. A vida daquele pássaro tinha chegado em suas mãos e ela não a tinha destruído.

A senhora, defensora dos animais , aprendera mais uma lição: não importava o tamanho dos animais, todos tinham limitações. E matar quem já está quase morto é uma enorme covardia.

Lu

Lucineide
Enviado por Lucineide em 06/12/2015
Reeditado em 07/12/2015
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