EMIGRANTES CONTINUAÇÃO DO CONTO OS EMIGRANTES
Então interpretou o José Maria.
----- Vocês tem razão, ó Joaquim realmente, a vida está duma maneira que nem sei.
Diz o Mário como uma pessoa instruída.
---- Na verdade, tudo está a subir e os ordenados a descerem, como se pode compreender?, ainda dizem lá os políticos que a vida é boa, é boa para eles, para nós não, e nós que temos mulher e filhos a sustentar, e como é que eu posso viver se ganho uma migalha e não me chega nem para viver.
Foi nessa altura que surgiu o Lopes e pestanejou.
---- A vida está boa para os ricos, para nós que temos que trabalhar para comer como escravos, se não vivermos à fome e que não há outro remédio, para nós a vida é ruim de todo.
Pois o Joaquim vivia num casebre com mulher e filhos, não tinha dinheiro para viver melhor. Isto num País como este, onde a riqueza vai parar à mão dos capitalistas e onde os ricos têm em casa bons guarda faros (paletós) bons carros, boas mulheres, boas casas, enquanto a maior parte do País vive em Bairros de Lata e não têm muitos guarda fatos, bons carros, boas mulheres, boas casas e ainda mais mais , os filhos dos ricos deitam comida fora, enquanto a maior parte de Portugal vive à fome. Pois o Joaquim teve que emigrar para o Brasil, se não viviam à fome.
Joaquim era um óptimo carpinteiro cá em Portugal. Joaquim era humilde e bom trabalhador, mas era simples e modesto.