UMA TARDE DE SETEMBRO

Após um longo período de recuperação, a promotora licenciada Lúcia Desmundes saía de casa para fazer um depósito no banco. A convalescente atravessou a rua movimentada, e deparou-se com uma multidão que aplaudia um artista de rua. As atenções estavam voltadas para as acrobacias difíceis e quase impossíveis do contorcionista. Algumas pessoas estavam incrédulas, mas outras não esboçavam nenhuma reação. O dia estava ensolarado e com poucas nuvens. Lúcia assitia ao espetáculo e ficou estática durante alguns minutos. Mas lembrou-se do tal depósito. Já passava das 3 da tarde, e restavam apenas poucos minutos para o fim do expediente bancário. No banco, a procuradora foi em busca de um envelope para realizar a operação bancária. Ela ficou deslumbrada com o conforto daquela agência. A reforma do antigo banco do Estado foi demorada mas valeu a pena. O local ficou tão iluminado que parecia um dia de sol. A nossa correntista guardava na memória algumas imagens de um local apertado e com móveis gastos pelo tempo. Agora tudo estava novinho em folha. O piso, as vidraças, caixas eletrônicos e móveis luzindo de novos. Depois de contemplar estas novidades, a ex-enferma procurou um envelope por todo os lugares, mas a busca foi em vão. Então dirigiu-se a antiga sala do gerente que fora amigo de seu falecido marido. No entanto, deparou-se com um enorme segurança diante da porta. Lúcia perguntou pelo Daniel, o gerente, porém o seu interlocutor desconhecia tal pessoa. A procuradora licenciada apresentou argumentos e ressaltou a urgência no atendimento devido o avançar das horas. O banco fecharia em torno de cinco minutos. Ela estava aflita e procurou outro antigo funcionário, o Zeca. Porém foi informada que o tal bancário se aposentou conpulsoriamente. Lúcia não desistiu de seu intento e dirigiu-se ao caixa onde conseguiu um envelope todo amarrotado, mas estava intacto. Ela estava com as mãos tão trêmulas que prejudicava a anotação de seus dados. Então escrevia Láuicia, Dáucia, Báucia, porém não acertava o seu verdadeiro nome. Após várias tentativas a procuradora acabou rasurando o envelope. Ela ficou aflita, principalmente por causa do encerramento do expediente bancário. Lúcia ficou decepcionada e saiu á rua. A procuradora vasculhou então a bolsa a procura do dinheiro do tal depósito. Ela teve uma surpresa. Na bolsa existia apenas algumas cédulas de pequeno valor. A última lembrança que veio à sua mente foi o esbarrão no artista de rua. Então descobriu que fora roubada enquanto assistia a um truque de malabarismo e depois de mágica. Tudo isto em uma ensolarada tarde de setembro. Que lástima!.

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 02/12/2015
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