RE:

não se engane, ambas as sentenças seriam inverossímeis, pois o que aconteceu foi que eu pus a mão sob a roupa instintivamente na buceta, e mesmo que eu tenha escrito isso, não é plausível com o que eu fiz.

o vento até diminuiu, mas agora tem essa chuvinha que começou há uns dois séculos e não parará tão breve, parece. estive andando de bicicleta nalgumas palavras passadas que não escrevi. estava na orla em estrutura de píer que construíram na fenda do penhasco que divide os dois mares quando a chuva começou. fechei os olhos e continuei pedalando, sentindo as sementes de água rolarem dos cabelos para os seios, e corpo abaixo. sublime. eu já estava imersa no precipício, aí abri os olhos e vi que havia se formado uma espécie de película, uma bolha feita de nada, apenas da própria água da chuva que me isolava dela e do mundo. de repente apareceu na minha frente, na parede interna inexistente da bolha, uma imagem retangular branca, projetada a partir dos meus olhos, e um cursor piscando, e como se alguém digitasse, o cursor despertou movendo-se e deixando suas pegadas letradas, até escrever

hermética

na garoa oblíqua

a beleza eclética

da garota de bicicleta

e quando acabei de ler, ao mesmo tempo em que apareciam letra por letra, a bolha se desfez.

agá pe

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 24/11/2015
Reeditado em 25/11/2015
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