Advogado de Pedras
Advogado de Pedras
Andando, tranqüila e serenamente, até que...
Ai! Pedra maldita! Aiii, aii meu dedoo!
Putz, quem colocou essa &¨%$#%@ aqui!?!?
Inesperadamente...
_ Minha senhora, está discutindo com uma pedra!?
_ Não, não! É que... Ahhh! Essa porcaria se enfiou no meu caminho, eu estava tão tranqüila, tão bem... Agora estou aqui, morrendo de dor e ela ai como se nada tivesse acontecido, uma cínica!
_ Mas, minha senhora! É só uma pedra...
_ É uma estraga prazer, uma assassina de dedos meticulosa!
_ Vai deixar se tomar por tanta raiva, por uma coisa tão boba? A senhora me desculpe, mas acho que não estava tão tranqüila como disse. Além do mais, no fim das contas, quem a chutou foi a senhora.
_ O queee!? Escuta quem é o senhor? Advogado dela? Vai tomar a defesa da pobre vítima? Ora faça me o favor, além de estar com meu dedo detonado, ainda tenho que ouvir lamúrias de um advogado de pedras!!!
_ Minha senhora, estas a ouvir o que falas? És sempre assim? Sempre levando tudo como uma ofensa pessoal? Como a senhora mesma disse, a pedra continua ali, do mesmo jeito. Levou um chute, foi arrastada para um lugar sem querer, mas continua ali, exatamente como uma pedra, ou seja, como estava antes.
_ O que o senhor insinua? Que devo agir como ela, sair destruindo pés e depois agindo como se nada tivesse acontecido! Devo ignorar é isso?
_ Apenas quis dizer, minha nobre senhora, que deves superar as barreiras, não choramingar diante delas. Já que fazes tanta questão de salientar sobre a pedra, a observe! Já se recompôs do contratempo, enquanto a senhora está aí valorizando tanto a tranqüilidade que tinha e perdeu tão facilmente, por uma raiva tão sem sentido.
_ Quem é o senhor? Meu pai? Como toma essa liberdade? Vir me dizer estas coisas, nem ao menos me conhece! Quem pensas que é pra me julgar assim?
_ Tens razão! Não a conheço! Mas não estou a julgar-te, apenas lhe dando um alertar, para o qual não é necessário julgamento, nem conhecimento sobre a senhora. Apenas tentando entender porque tanta raiva por um fato tão ocasional.
_ Fala assim porque o dedo não é seu!
_ Bom minha senhora, vejo que não está e nem quer entender o meu propósito. Também, diante de tanta irracionalidade ele acaba ficando sem sentido. Se a senhora é do tipo de pessoa que abre mão de um estado de espírito tão sereno, diante do primeiro contra tempo é porque talvez seja do tipo de pessoa que se mantém de sentimentos aparentes, tanto que não sabe lidar com nada que vá contra o que acha que sente, por mais simples que seja. Deixa se abater pela primeira pedra que vê no caminho, o que dirá com os próximos, quem dirá se sabe ao menos se é este caminho que quer percorrer? Sendo mais breve, minha senhora, passe bem! E sobre a pedra, a processe!
_ Abusado! Volte aqui! Não vai defender sua cliente, hein?!
... Continuando a andar, nervosa, desconcertada, sem ao menos perceber o fim do caminho.