O PARAÍSO DOS LOUCOS

Vivíamos na casa de Marceus( casa de Marceus, sua mente esquizofrênica) eu e meus irmãos; Gritus, Gemidus e Vozes. Desde que éramos meninos não sabíamos quando tínhamos chegado ali. Sabíamos apenas que nosso pai Ecos deixou-nos ali e se foi. Cada um de nos tínhamos uma personalidade; Gritus era temperamental, explodia a toa, Vozes era doce, Gemidus era triste talvez o que sentisse mais a falta de nosso pai vivia pelos cantos da casa, eu porem era mais analítico, já Marceus, bem vamos dizer que Marceus era Marceus. Hippie, expunha suas pulseiras e brincos de folhas secas pelos passeios da cidade. Nasceu em uma família em que todos os seus irmãos tinham tendência ao esquizofrenia, mas controlavam se com os fortes medicamentos. Ele porem se recusava a se drogar preferia ter a companhia dos filhos de Ecos que ora o atormentava ora dava lhe carinho durante a noite.

Cursou filosofia, mas jamais lecionou, sua sala de aula era as ruas e a feira hippie. Teve um sonho em que um velho dizia-lhe que para se ver livre de dos filhos de Ecos deveria achar o pai e nos devolver a ele e só através de sua sensibilidade iria encontra a tal garganta de pedra aonde vivia.

Levantou se pegou nos e suas roupas enchendo a mochila bege. Deu um beijo em sua mãe e um adeus. Do jeito que dormiu, saiu por sua rua que seguia para avenida que seguia para a BR e foi a procura da garganta de Ecos. Seria uma jornada longa e difícil, não poderia pegar carona, deveria caminhar em busca da liberdade de sua mente. Éramos rebeldes e faríamos de tudo para que Marceus não chegasse ao seu destino, pois tínhamos poderes de criarem imagens fictícia para Marceus.

---Sinistras são as trilhas em seus cios nesta hora da manhã não é mesmo Marceus, tão vesgas e tortuosas, algumas puritanas, como as putas nas ruas falando entre elas sobre a ultima transa da madrugada.

“disse Gritos, dentro da mochila em suas costas;

“Vozes deu um rizinho cínico”

Marceus falou;

---- Sei não, Sei não. Com um sorriso safado na boca.

---Pode falar você gosta de putas! Tornou Gritos

--Eu não elas tem cheiro de incenso...

Tornou a rir;

Gritos chamou Meusa, prostituta perdida na estrada que começou a brigar com Marceus;

----Quero falar umas verdades para este corno.

Falou a mulher vestida de cetim vermelho que apareceu em sua frente com o dedo em riste;

---Você me maltratou quando bebíamos juntos, chamou-me de piranha, pediu -me para fazer a sexo anal no silencio da noite e mal disse a mulher que com ela caminhava, gritou me na cara sua bissexualidade dentro do ônibus lotado, e todos ali a julgaram, maltratou a outra mulher que fumava cachimbo de lata; lhe dizendo que não a amava que só queria vomitar em seu corpo e espancou-me sob a lixeira do bar, Marcel!

---Mas você é puta,puta, passa daqui saiiiiiiiiiiiii...

Disse lhe sorrindo;

Meusa deu um pulo para o lado saído de sua frente.

O sorriso de Marceus estava como um cravo na janela da alma. Um riso solitário é cheio de lagrima. A vontade de dormir e o cansaço de morte da coisa triste. Seu suor, vinho tinto do corpo derramado no pó da estrada. Sua ira de homem era a coluna dos medos. As pedras e a água do riacho que cruzavam agora eram como carne viva e nervos retorcidos. Olhou para o alto do monte e viu um chinês vindo e um japonês vestido de samurai que falava português fluente cobrando-lhe os vasos sagrados na alma de Marceus e seus pensamentos.

O vento beijava as arvores que choravam na extensão da estrada. O sol que começava a surgir beijava o seu mar imaginário que sumia ao longe. As gotas de suor molhavam o pasto sem gado e o sussurro da brisa em seu ouvido parecia o estrondo de um trovão. Olhou a folha que caia do Ipê roxo e um Ben ti vi deu-lhe um riso aberto. Ouviu um uivo por trás da cerca feita com mourão sujo de graxa que de repente transformou-se no muro de Berlim, Gritos vibrou. Agora a porteira de uma fazenda era a entrada de uma cadeia e a chave da cela em que estava preso um lobisomem lhe gritava;

--- Filho de um cão pega a chave que esta dentro do pilão do moinho.

Marceus saiu correndo, uma gravata vermelha surgiu parecendo ser uma língua de fogo passando sobre sua cabeça. Um rio que passava sob a pontes feito de cipó são João inundou a cadeia matando seu hospede afogado. As penas eriçadas gritava o desejo de um pássaro que dormitava na arvore. Seu pescoço taurino, o céu escarlate. De sua boca surgiu dois dentes de sabre seu mundo crescia na serra por traz do curral de um rei deposto. A cachoeira da esquina desaguava nos becos da vila Sta Lucia. Sobre o asfalto da BR o sino chorava pela pobre catedral em ruínas. Marceus cruzou o campo de milho ao norte pedindo pamonhas á um peão que com uma foice na mão o ameaçou. Correu e ficou ali sentado olhando o cadáver do espantalho no chão. Pensou no prato de cebolas e torresmo que derretia no fogo de sua casa, mas ali jamais voltaria. Bebeu água do córrego, viu que sobre o muro que cercava o cemitério uma carruagem de fogo passar com alguém que subia aos céus. Procurou por um Haldol, tomou o seco, respirou fundo de alivio, mas viu que aquele alguém era ele que seguia para o paraíso dos loucos.