Meu mais novo amigo e minha mais nova amiga.

Pâmela era uma mulher de boa aparência, meia idade, saudável, bonita. Com uma situação financeira estabilizada. Aquela mulher que quando entra num ambiente, chama a atenção por sua altura, sua beleza. Por estar passando por um momento de muita tensão, seu médico lhe recomendou, que fosse passar uns dias longe de todas as agitações. Ela resolveu ir para um hotel fazenda. E chegando lá no hotel que lhe foi indicado, ficou encantada com toda beleza da natureza. A noite caiu e só se escutava o canto dos pássaros. No ar o perfume das flores, o barulho da cachoeira. Ela teve que concordar com o que lhe falou a dona do hotel, aqui à noite só não dorme quem não quer. No dia seguinte, ainda muito cedo Pâmela levantou, abriu as cortinas e viu o mais lindo por do sol, da sua vida. E ela percebeu que estava com fome. Voltou para cama, por ser muito cedo. Não queria ser a primeira à chegar para tomar o café da manhã. E dormiu novamente, acordando com o barulho de carros, de vozes de pessoas. Passava das dez horas, ela ficou preocupava em não ter mais café. Ou ter perdido o horário, porque ela não tinha olhado no envelope que lhe foi entregue, na sua chegada. Chegando no refeitório viu que estava certa, as mesas estavam vazias. E quando estava pensando em voltar, para procurar outro local para comer alguma coisa, um garçom lhe chamou. E lhe perguntou o que ela queria comer. Como todos já deviam ter tomado o seu café, ela sentou na mesa à sua frente. E para sua surpresa, chegou um homem muito bem vestido, com vários jornais na mão. Parou na sua frente e lhe deu bom dia. Ela respondeu, e ele pedindo licença, sentou na cadeira à sua frente. O garçom veio muito rápido lhe atender. Chamando por seu nome, com muita naturalidade. Então ela pensou que ali as mesas poderiam ser marcadas para os hóspedes. E viu que por não ler as instruções do hotel, poderia passar vergonha. Foi quando o senhor, vendo seu olhar preocupado, lhe perguntou: Posso tomar café com você? Você está esperando alguém? Não quero lhe aborrecer. Não senhor, pode ficar à vontade. Pensei que está mesa estivesse reservada para o senhor. E ele lhe perguntou: Posso lhe pedir outro favor? Me chame pelo meu nome. Ficou de pé e estendendo a mão lhe disse: Muito prazer Homero. E ela falou está bem, quer dizer, sou Pâmela. E ele lhe disse está bem, rindo. Ela viu que o garçom estava chegando e pensou que era o café dele, mas era o seu café, numa bandeja com tudo muito bem distribuído, muito cheiroso. Na bandeja tinha café para várias pessoas. Ela não tinha noção por onde começar. Pegou uma fatia de mamão e começou à comer. E viu que ele estava olhando para uma foto. Outro garçom chegou trazendo o seu café. E ele também comeu mamão e outras frutas.Então ele perguntou se ela queria pedir para trocar seu café. E Pâmela lhe respondeu que não, porque gostava de tomar café morno, e estava ainda muito quente. Terminaram o café, e Homero lhe agradeceu pela companhia, levantou-se e lhe desejou um bom dia. Então ela viu que todos os funcionários lhe conheciam, apertavam a sua mão, sorriam para ele. Ela lembrou que tinha que se programar, que faria naquela manhã linda. E foi olhar a programação do hotel. Quem acordou cedo já tinha feito uma caminhada e estavam nas piscinas. Tinham duas piscinas, uma para adultos e outra menor para crianças. Não lhe deu vontade de entrar na água, depois de tudo que comeu no café. Resolveu andar por perto do hotel, para não se perder, pois era quase uma fazenda, muito cheia de árvores, com várias trilhas. Então sentou-se num banco perto de uma linda roseira, com várias rosinhas pequeninhas brancas. Ficou ali parada olhando, e quando levantou a cabeça, notou que seu "companheiro" do café da manhã estava voltando de sua caminhada. E ele se aproximando, lhe perguntou se ela já decidido o que faria, ou se voltaria para seu quarto. Pâmela lhe respondeu que não tinha pensado em nada ainda. E Homero lhe perguntou se, ela queria conhecer uma das maravilhas do hotel. Ela aceitou, e foram caminhando por uma trilha muito bem feita, com árvores altas, muitos pinheiros. E o canto dos pássaros era muito lindo e mais perto. E de repente ela escuta o barulho de água mais forte. E numa descida, no caminho da trilha, Pâmela vê uma linda cachoeira, com várias especieis de flores e de árvores. Ela ficou parada, olhando para toda aquela beleza. Pâmela notou que Homero tinha pego a foto e estava olhando outra vez. E pensou em não quebrar aquela magia, sentou-se num dos bancos de pedra que tinha perto da cachoeira, e continuou olhando para toda aquela linda paisagem. E percebeu que estava fazendo uma oração à Deus naquele momento, só que falando alto. Quando ela se virou para o outro lado viu que ele também estava de braços abertos, mas em silêncio. Pâmela lhe pediu desculpa por ter agradecido à Deus por toda aquela beleza muito alto. Ele lhe falou, está bem. Perguntando se ela queria caminhar mais um pouco, não esperou a resposta, foi caminhando à sua frente. Pâmela caminhou mais rápido e lhe alcançou. De onde estavam a cachoeira ficava mais próxima da trilha, e tinha uma cerca muito alta, que impedia a tentação de qualquer um de pular naquela água toda. E logo à frente ela percebeu a movimentação dos cavalos. Um haras com muitos animais já em movimentos. No outro lado um bondinho com uma enorme fila aguardando. Pâmela achou que estava sonhando, parou e olhando para o céu, no meio de todas aquelas árvores enormes, respirou fundo, e bem baixinho agradeceu à Deus outra vez. Homero parou do seu lado e perguntou se ela estava bem, se queria voltar caminhando ou de charrete. Pâmela teve uma crise de riso, e perguntou-lhe, de charrete? Porque não, assim eu não me perco. Então Romero lhe perguntou, está me excluindo do passeio? E ela lhe respondeu que não, disse que não queria tirá-lo de sua rotina, de sua programação. E Homero pegou a sua mão e lhe disse: Eu que devo lhe perguntar se não estou lhe perturbando. Não queria ficar sozinho naquela manhã. E largando sua mão foram para a fila da charrete. Outra beleza, voltaram por outro caminho, também muito bonito. E ainda ouvindo o barulho da linda cachoeira. Na volta para o hotel, Homero permaneceu calado. E na chegada viu que tinha um grupo reunido, e todos os olhavam. Pâmela pensou que a esposa dele deveria estar lhe procurando. E o que ela não queria naquele momento era complicar a sua vida, por ter lhe proporcionando uma manhã tão maravilhosa. E de repente todos vieram ao seu encontro, lhe davam parabéns. Olhavam para ela e sorriam. Foi quando Homero lhe apresentou para aquelas pessoas, como a mais nova amiga. Pâmela notou que as mulheres olhavam umas para as outras. Rapidamente ela pensou que seriam casais de amigos, mas tinha um quantidade de mulheres maior que de homens. Pâmela olhando para Homero, lhe agradeceu pelo passeio. E pediu licença à todos, voltou para seu quarto. Ainda relembrando todas aquelas belezas que viu à poucos instantes. Tomou um banho, sentou na sacada de seu quarto, e "viajou" pensou em quantas pessoas ela teria o maior prazer em trazer para aquele paraíso. Ouviu alguém chamando seu nome, e percebeu que tinha dormido de novo. Pensou que tinha cochilado, e percebeu que já eram quase três horas da tarde. Ela então perguntou para o garçom se ainda poderia comer alguma coisa, ou se já estavam servindo o café? O jovem lhe informou que ali ela poderia fazer o seu pedido, conforme a sua vontade e hora. Pâmela voltou para o refeitório. E no primeiro momento, sentiu vontade de comer no seu quarto. Mas, a vontade de rever seu mais novo amigo, fez com que mudasse de opinião. E olhando para procurar uma mesa vazia, viu que a mesa que eles tinham tomado o café da manhã tinha sido colocada junto com outra e havia um bolo no centro. Os seus amigos falavam baixinho, riam muito. Pâmela não teve como voltar, tinha que passar por eles. Deu boa tarde à todos e foi caminhando, quando ouviu uma das amigas do aniversariante lhe chamando. Convidando-a para sentar com o grupo. Homero veio em sua direção, puxou a cadeira para que ela sentasse. E mais uma vez, ela notou que as mulheres e também os homens ficaram se olhando. Quando um dos seus amigos pegando um copo, começou a falar de seu querido amigo, professor, etc. Falando que, eles não poderiam deixá-lo sozinho, especialmente naquele dia. Ela pensou que, só poderia ser o seu aniversário. E os presentes foram sendo entregues, todos com muito carinho, com pequenos discursos. O último fez sinal para Pâmela que não entendeu nada. E ela pensou vou lhe agradecer pelo passeio. E foi quando todos riram muito, deixando-a muito sem jeito. Homero veio em seu socorro, e falou aos seus amigos para deixa-la em paz. Que a culpa tinha sido dele, que ele que invadiu a sua privacidade, desde a hora de seu café da manhã. Foi então que ele lhe disse que, estava no hotel à quase dois meses, desde o falecimento de sua esposa. E que aquele "bando" de amigos estavam com saudade dele, mas proibidos de visita-lo. E estavam muito felizes, por receberem o seu recado para comemorar com ele o seu aniversário. Eles estavam achando que ela tinha alguma coisa com essa sua mudança. Porque ele estava diferente, não aparentava tanta tristeza, como na última vez que lhe encontraram. Pâmela sentiu vontade de abraçá-lo, como se faz com quem perde um ente querido. Sem falar nada, só deixar coração batendo com coração. E os dias foram todos de muitas atividades, de comidas caseiras gostosas, de passeios, caminhadas, visitas aos animais. Os dias passavam muito rápido. E chegou a hora da partida, para a sua vida normal. Pâmela sentia alegria por voltar para sua casa. E também sentia pena de sair de deixar aquele paraíso. E o mais importante deixar de encontrar o seu mais novo amigo. No dia seguinte ela se arrumou para tomar seu café da manhã, e a mesa que eles tinham tomado o seu primeiro café, tinha um vasinho com um buque de rosinhas brancas, aquelas que ela, parou para cheira-las. Homero a estava esperando. Tomaram café, riram de seus amigos, comentaram sobre as belezas do hotel. E o silêncio foi quebrado pelo barulho de carros chegando. Todos enfeitados com balões coloridos, só que o grupo era bem maior. Pâmela se despediu e voltou para o seu quarto, fechou sua mala, olhou tudo para ver se não esqueceu alguma coisa. Quando estava saindo para fechar a sua conta e pedir ao porteiro para chamar um táxi, encontra com Homero que, pegando sua mala de sua mão, convida-a para voltar com eles. E com a maior naturalidade lhe diz que, ela não precisa pegar um táxi se eles estão com vários carros. Pâmela agradece, caminhando bem rápido atras dele. A viagem foi muito tranquila e divertida, o carro do casal era muito confortável, eles tinham acabado de se tornarem avós. Era uma mistura de alegria, e também de preocupação, por se tratar de uma gravidez de alto risco. E com a conversa deles, ela percebeu que ele era médico. E não um simples médico, pelo seu celular, ela fez uma busca rápida, e viu quem era Homero. Um dos mais famosos psiquiatras da sua geração. Pâmela levantou a cabeça e encontrou o seu olhar, o seu sorriso. O motorista então, quebrou aquele silêncio sorrindo, lhe pergunta: Nós queremos saber quem é essa bruxinha que trouxe o nosso amigo de volta? E o que está "rolando"? Pâmela foi salva naquele instante. O carro estava na frente de sua casa, conforme sua indicação. Ela queria sair dali correndo. Mas também queria abraçar seu amigo. Amigo, só ela pensou, ou perguntou à si mesma? Homero saiu do carro, pegou sua mala e deixou na sua frente. Apertou a sua mão, lhe deu um abraço, bem apertado, e voltou para o carro. Pâmela ficou parada olhando para o carro, até que não conseguia mais visualiza-lo no trânsito. E o que seria um passeio indicado por seu médico, passou a ter uma nova história em sua vida. Será que Homero vai se comunicar com Pâmela? Eles têm o hotel como referência. E só o tempo poderá responder se, eles estarão interessados em se encontrarem de novo. Se foi apenas uma ajuda mútua. Pâmela tinha que se cuidar, colocar um certo "freio" em sua vida atribulada. Homero precisava viver com a sua perda. Quem sabe qual será o destino dos dois?

Mariasol
Enviado por Mariasol em 13/11/2015
Reeditado em 09/09/2016
Código do texto: T5447118
Classificação de conteúdo: seguro