UM DIA DE SORTE

Ele havia chegado ao escritório mais cedo que o normal, o trânsito fluíra de maneira tão rápida que parecia um daqueles dias de feriadão, quando se tem a sensação que a população mudou-se para outro planeta.

Para sua alegria, o coletivo no qual embarcara tinha lugares vazios e ao seu lado sentou-se aquela morena com a qual sonhamos dormindo e acordados, seu perfume e sua perna ligeiramente encostada a dele completavam sua sensação de prazer. Entrou no elevador e por incrível que pareça era o único passageiro e ao chegar já encontrou aquele café quentinho que a copeira acabara de preparar.

Sentou-se diante de seu monitor, abriu seu e mail e para sua alegria ali estava a resposta positiva do negócio que tanto aguardava.

Esfregou as mãos e falou para a colega que acabara de chegar:

- Puxa! Hoje é meu dia de sorte!!

Acabou de ler a mensagem, respondeu com alegria e lembrou-se que não havia conferido o bilhete da mega sena que trazia em sua carteira. Pegou-o dobrado, entrou no site de resultados da loteria e aos poucos, número a número foi constatando que havia sim, acertado os seis números.

A colega acompanhava sua conferência pois sentava-se ao seu lado, quando ele leu o último número exclamou:

- Seu Antonio!! O Senhor acertou está acumulada em trinta milhões!

Uma sensação de euforia indescritível subiu-lhe pelos pés, invadiu seu peito tomou sua mente completamente. Ele abraçou-se a colega feliz e quase chorando de alegria sem saber o que fazer ouviu dela:

- Corra para casa, pode deixar que eu digo ao chefe e a todos que seu irmão está passando mal, assim que chegarem e perguntarem pelo senhor.

Antonio, nem sabia o que fazer, uma semana antes sonhara que havia ganhado na loteria e ali seu sonho se concretizava.

Vestiu o paletó, saiu apressado, mil coisas lhe passavam pela cabeça, o que faria com tanto dinheiro? Sempre fora pobre, mas altruísta, nunca pensava só em si e até prometeu a colega que ajudaria. Ela vivera sua emoção com tanta alegria que parecia também haver ganhado, o que de certa forma era verdade, já que ele prometeu que a ajudaria.

Resolveu antes de ir para casa, passar no escritório de seu advogado, para combinarem ir a Caixa, responsável pelas loterias para receber o prêmio. Doutor Marcos estava em audiência e ele decidiu seguir para casa.

Tentando acalmar-se, mas com o coração aos saltos colocava os pensamentos em ordem de como usar a pequena fortuna que agora possuía, sentado no ônibus também vazio e silencioso.

Chegou em casa e nem disse a família imediatamente, dirigiu-se ao seu quarto e ao olhar em sua escrivaninha, percebeu que havia um outro bilhete sobre ela.

Curioso o pegou e viu que era do mesmo concurso e que nele não havia acertado nenhum número.

Feliz, abriu a carteira e descobriu que o bilhete premiado, não era um bilhete, mas o resultado desse mesmo concurso que ele havia recolhido em uma lotérica uns dias antes e esquecera de conferir e por estar dobrado não observou que os dados na parte inferior, informavam que havia acumulado. Portanto ele não ganhara nada, ou melhor, lhe sobrara uma terrível decepção..

Um dia de sorte?

(Por incrível que pareça o conto é baseado em fato real, trata-se de alguém endividado e que quase enfartou duas vezes, uma quando achou que havia acertado e outra quando descobriu o engano. Coisas da vida)

Jogon Santos
Enviado por Jogon Santos em 06/11/2015
Reeditado em 21/12/2015
Código do texto: T5439722
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