O PEQUENO CANDIEIRO
Francisco morava numa fazenda, no pé de uma serra no interior de Minas Gerais, tinha um carro de bois com três parelhas; seu filho de onze anos, Matias, depois de voltar da escola o ajudava a conduzir os bois da guia, era o candieiro, seu filho um ano mais novo, Joaquim, ás vezes também ia junto, era um prazer para eles conduzir os bois; já muito acostumados com os meninos os obedecia muito bem.
Certo dia, Matias ao acordar estava com muitas dores abdominais, seu pai atrelou o cavalo na charrete e o levou na cidade mais próxima, ao farmacêutico, que de pronto indicou que levasse o menino para uma cidade maior, procurar um médico.
Embarcou no primeiro trem, deixando a charrete aos cuidados de um compadre seu, que a levou de volta na fazenda, informando a sobre o acontecido à mãe do menino .
Na cidade maior, o medico ao examinar o menino deu o diagnóstico, apendicite supurada, teria que ser operado de imediato.
Francisco passou um telegrama pedindo que avisassem Isabel, mãe do menino.
Feita a cirurgia, o menino foi para a UTI, já que a infecção era grave, estava com peritonite.
Naquela noite os bois de carro ficaram a noite toda mugindo ao redor da casa, Isabel ficou muito apreensiva, jamais tinha visto o bois fazerem isto.
Na manhã seguinte viu um cavaleiro se aproximando à galope, trazendo um telegrama urgente, ao abrir a triste notícia, Matias na resistira à infecção, veio a falecer.
A tristeza foi geral, na região todos conheciam o pequeno candieiro, apreciavam muito o seu trabalho.
Após uma semana, Francisco pegou um serviço para fazer com o carro de bois, afinal a vida tinha que continuar.
Depois de por a canga nos bois e os atrelar no carro, os bois deitaram e apesar dos gritos e ameaças com e ferrão não se levantaram! Francisco não sabia o que fazer, não era acostumado a maltratar os bois.
Isabel vendo isto chamou Francisco e lhe falou que os bois estavam sentindo a falta de Matias, pediu que chamasse Joaquim, para fazer o trabalho de Matias, os bois também o conheciam.
Assim feito, Joaquim chegou e chamou os bois da guia pelos nomes, Corumbá e Cuiabano, que logo em seguida levantaram e seguiram o menino, para admiração de todos.