Da Sobrevivência do Amor
Já em crise, qualquer coisa é um perigo. Palavras então; nóssinhora!
Foi assim que a flecha do fim (ou seria bumerangue?) me acertou de raspão. Doeu.
Aconteceu quando peguei dois volumes na biblioteca. Um gordão e outro magrinho. Como sei que ela tem preconceitos com obesidade literária, passei pra ela o mirrado. Trata-se de um Manoel de Barros menos pretensioso que plano de governo. Coisa pra ser lanchada, no máximo, em três quartos de hora.
Dias depois avistei o Manoelzinho acuado no canto da cama e indaguei: “Gostou do livro?”. Ela respondeu seca sem interromper suas importâncias: “Não li, eu não gosto de poesia”.
Nossa, doeu mesmo.
O doutor acha que esse amor pode sobreviver?