PRA NUNCA MAIS
Quando Mara voltou pra casa já era noite. Ainda sentia o gosto amargo da discussão. "Não te suporto mais. Vá embora!" Disse em alta voz. Paulo, o marido, estranhamente, desta vez, ficou em silêncio. Ela, como sempre, pegou a bolsa e saiu. Ligou para "alguém" com quem encontrou logo depois. Nada como uma tarde de sexo sem compromisso com aquele carinha de sempre. Agora, refeita, entrava em casa. Acendeu a luz da sala e deparou com um bilhete numa letra que reconheceu: "Desculpe-me por roubar dez anos da sua vida. Vou e não volto. Adeus". Ainda com o papel em mãos, sentou-se e sentindo algo diferente. Olhou em sua volta e redescobriu o lar que construiu com sonhos e amor. De súbito, lembranças de um tempo do passado recente surgiram em sua mente. Levantou, foi até o quarto e encontrou um lado do guarda roupas vazio e o porta-retratos, jogado ao chão. Tentou juntar os cacos do vidro, mas não conseguiu. Num repente, explodiu num choro da alma... Sabia que era pra nunca mais... Nunca mais.