É Bonita, é bonita e é bonita - Parte I

Atravessava o quase desvanecido Arthur a movimentada avenida, o forte sol em sua cabeça e o barulho dos carros assim como a perda de sangue atrapalhavam seu raciocínio, o vai e vem contínuo do fluxo automotor e a preocupação com a ferida aberta que jorrava para fora de seu corpo o líquido da vida, também era responsável por destilar seus últimos momento daquela existência curta.

Os passos eram tortuosos, um momento angustiante e doloroso marcava o fim daquele homem que já havia sido um profissional respeitado, uma espécie de guardião da verdade para seu grupo seleto de amigos, a dor aumentava, fantasiosamente em uma espécie de delírio racional lembrou-se de um documentário que dizia que quando estamos morrendo avistamos anjos que nos guiam por uma espécie de túnel branco, uma espécie de ritual de purificação para adentrar ao paraíso, mas ali, naquele momento com o sangue gotejando e a energia esvaindo-se ele nada sentia, nada via e pouco ouvia.

Resgatou o que ocorrerá anteriormente até chegar ao desfecho trágico, não havia o que fazer, depois do barulho seco que ecoou no ar, notou em sua barriga um ferimento, como poderia permanecer vivo diante de tamanha hemorragia, era questão de tempo para chegar ao fim, não houve luta, não houve chance de defesa quando Arthur foi abordado por dois elementos que anunciavam o assalto. A dupla visivelmente possuía no máximo 16 anos, não passavam de duas crianças, mas que de ingenuidade quase nada tinham, não era apenas o objeto que eles queriam usurpar, mas aquele ato era acima de tudo um colapso da sociedade, olhos que eram para abrigar amor e respeito, naquele instante ostentavam ódio, repúdio, ira e apatia social.

O_Interditado
Enviado por O_Interditado em 17/10/2015
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