O Museu - Parte III
Eu adorava aquele lugar, lembro que algumas vezes ia com a escola, era sempre o passeio mais aguardado do ano, todas as crianças gostavam daquele lugar, era uma espécie de fantasia materializada, vibrávamos quando a professora anunciava que tal dia estaríamos lá, havia muitas atrações e nos sentíamos livres, era engraçado quando alguém tocava em algum objeto do museu que não poderia ser tocado, como as cobras embalsamadas, geralmente ouvíamos o guarda chamar nossa atenção, mas não era uma voz de uma figura repressora como os policiais, e sim de alguém amistoso, com uma voz geralmente simpática, mas a melhor coisa do museu é que tudo lá dentro parecia ser eterno e imutável, nada mudava de posição, ninguém nunca se mexia. Podíamos ir 1000 vezes e aquela onça sempre estaria no mesmo lugar, sempre com sua cara assustadora e seu olhar faminto, o manequim da índia sempre estaria com sua cara de fome e semblante angustiado sem contar de seus seios nus, nada seria diferente, a única coisa diferente seríamos nós, a gente teria envelhecido um pouco mais cada vez que o visitava, além disso a cada nova visita poderíamos estar com uma roupa nova, com um sapato novo, estar acompanhado da mãe ou da professora, poderíamos ir em um dia em que estávamos triste por ver o pai ter brigado com a mãe ou em um dia muito feliz por ser feriado, nós sempre estávamos diferente e mudados, mas o museu não, ele sempre estaria do mesmo jeito, com toda sua doçura infantil e seu mundo de imaginação nos esperando de braços abertos para nos alegrar mais uma vez.
Fim.