O Museu - Parte II
Cheguei ao museu um pouco antes do planejado, pelos meus cálculos ainda faltavam 10 minutos para terminar o percurso, mas essa antecipação deu-se porque o trânsito estava limpo e fluía como o sangue nas artérias de uma pessoa saudável, infelizmente não era assim em dias normais, nestes dias que não eram feriados o trânsito lembrava mais o sangue de um obeso mórbido com as artérias entupidas de placas de colesterol, ao fazer essa associação fiquei preocupado com minha alimentação, não queria que meus glóbulos sanguíneos fossem caminhões carregados, engarrafamentos kilométricos até chegar ao coração, queria ter saúde e para isso meu sangue precisava ser como as motos, fluindo rapidamente sem parar em obstáculos.
Estacionei o carro e fui comprar o ingresso, notei que o museu estava vazio, via poucas pessoas entrando, não me espantei com isso, afinal vivia em uma cidade repleta de ignorantes e imbecis que se preocupavam mais em qual seria o preço do novo modelo de celular do que de saber como foi difícil para alguém um dia conseguir desenvolver aquela tecnologia.
Entrei no museu, conhecia tudo ali como a palma da minha mão, deveria ter ido lá quando criança mais de 30 vezes, era um de meus passeios preferidos, gostava de ver a parte dos animais embalsamados, tinha uma onça que todas as vezes sempre me passava a sensação de medo, com aquela boca aberta e enorme que dava destaque para suas presas que pareciam duas facas, suas patas eram grandes e seu corpo projetado para aniquilar a presa, também havia muitos quadros que contavam a história dos índios e um manequim que supostamente seria uma nativa, ela tinha duas tranças que caíam no ombro, os seios estavam nus e para esconder seu sexo uma tanga que parecia ser feita de pele de algum animal, acho que deixaram esta parte do museu para os índios como forma de homenagem, já que eles tinham sido os primeiros habitantes da América antes de Colombo chegar e dizimar toda sua população.
Continua...