Um dia atípico na cidade grande!
 
São Paulo é uma incógnita mesmo!
Uma variedade de personagens 
se misturam no dia a dia,
em suas ruas cheias de novidades.
Cada um com sua história de vida, 
seus medos, seus fantasmas!
É possível viver nessa cidade, em um dia apenas,
o que alguns não viveram em toda a sua vida.
Vejam a minha aventura, vivida em um único dia!
Dia desses, fui ao Hospital do Servidor Público Estadual, para fazer alguns exames de rotina,
pois já estava com esse compromisso
em atraso de mais ou menos nove meses.
Saí logo de manhã, em jejum de 12 horas, 
pois teria que recolher
amostras de sangue 
para os exames laboratoriais.
Tomei o metrô, sentido Sul até a Estação Santa Cruz e de lá fiz o restante do trajeto a pé, 
como é meu hábito.
Gosto de aproveitar para caminhar 
pelas ruas da cidade.
Vila Clementino é um Bairro muito agradável.
Ali se localiza o Hospital São Paulo e uma das Faculdades de Medicina mais importantes do País.
Andei mais ou menos dois quilômetros e cheguei ao Hospital, que atende aos Servidores Públicos Estaduais de São Paulo.
Lá chegando, percebi a multidão enorme,
que é a cara do local!
Aquele vai-e-vém de pessoas apressadas, 
buscando seus interesses, com relação à saúde.
Houve uma mudança no atendimento, 
agora precisávamos fazer 
um Cartão Magnético 
pois sem ele o atendimento ficaria inviável.
Enfrentei uma fila de mais ou menos duas horas 
para ser atendida naquele Setor.
Pessoas se empurrando, nervosas, agitadas,
sem um Painel de Controle do número de Senhas
para orientação dos Usuários... uma loucura!
Consegui pegar minha Senha de número 279,
por volta das 10 horas, e dirigi-me ao Laboratório de Análises Clínicas para o procedimento 
dos exames de sangue, enquanto esperava
a chamada de minha senha no Setor de Registro, para que pudesse fazer o malfadado ]
Cartão Magnético.
A Atendente de Enfermagem colheu o material, aproveitei o tempo que me restava,
devido meu número de chamada estar ainda distante, e fui até a lanchonete no pátio do Estacionamento do Hospital, para tomar um café,
pois estava em jejum desde 
às 21 horas da noite anterior.
Saciada a minha necessidade de alimento, 
voltei ao Setor de Registro
para mais duas horas de espera 
até estar de posse do tal Cartão Magnético.
Após presenciar discussões de alguns que não concordavam com o novo sistema,
pessoas que se encontravam ali há mais tempo 
do que eu e não conseguiam entender
as novas regras de uso do Sistema de Saúde, 
idosos quase dormindo nos bancos,
vencidos pelo longo tempo de espera, 
deficientes nas cadeiras de rodas com seus
acompanhantes irritados, eu consegui me livrar daquele ambiente tenso e saí.
Ufa!!! Até que enfim!!!
Dirigi-me ao ponto de ônibus, com dificuldade em atravessar a massa de pessoas,
se esbarrando na calçada, uns correndo para alcançar seus meios de transporte,
outros se acotovelando para tomarem
um café do vendedor ambulante, o qual,
gritava com toda a força de seus pulmões, 
na porta do Hospital:
-Olha o café quentinho aí, madame!
Café e pão de queijo! Bolo de cenoura! 
Coxinha e empadinhas!
Tudo fresquinho!!! (Hummm... Sei!)
Entrei no primeiro ônibus que encontrei 
estacionado no ponto,
a Linha São José-Largo São Francisco.
Eu gosto de descer no Centro de São Paulo 
e terminar o percurso a pé até minha casa.
Andar na cidade é sempre uma aventura a mais...
Os personagens têm mil faces! É maravilhoso!
Gente de todas as partes do Brasil e do mundo,
cada um buscando algo de que necessita
para sua sobrevivência e interesses do dia a dia...
Apesar do tráfego intenso, característico da cidade grande, o trajeto até o Centro 
não durou mais do que 20 minutos.
Àquela hora do dia, por volta de 15 horas, ainda dá para se trafegar com tranqüilidade, em determinados dias, mas nem sempre!
Desci no ponto final do ônibus, dirigindo-me a minha casa, o sol queimando, um calor estafante e,
quando já me encontrava
no Viaduto do Chá... tomei-me de sobressalto.
Eu havia retirado um exame de Densitometria Óssea,
realizado em Novembro de 2006,
alguns outros exames laboratoriais,
que se encontravam até aquela data, 
arquivados no Hospital, sem que eu os tivesse ido retirar e, de repente,
percebi que o envelope 
pardo, grande, onde eles se encontravam,
não estavam mais comigo.
Então dei-me conta de que o havia esquecido 
no banco do ônibus!
Dei a volta sobre mim mesma e voltei correndo para ver se ainda o encontrava parado no ponto final...
Nada! Ele já tinha saído para mais um trajeto:
Lgo. São Francisco-Vila São José, na zona Sul.
E agora? Demorei tanto tempo para retirar aqueles exames, precisava apresentá-los à minha Ginecologista na próxima consulta e, inadvertidamente, os havia perdido.
-Meu Deus! Sou um Anta mesmo! 
Onde estou com a cabeça?
Comecei a me perguntar...
O que eu podia fazer agora? Nada... nada mesmo!
Voltei, vagarosamente, dirigindo-me a minha casa, meio triste, mas conformada com a situação, 
já que não poderia desfazer o que estava feito,
por puro descuido de minha parte.
Ouvi um som de música romântica, 
e fui ver o que era.
Aquela voz de mulher, grave, bonita, cantando “Carinhoso”, vinha da praça do Patriarca, 
em frente á sede da
Prefeitura Municipal,
um local próprio eventos e shows de
artistas amadores ou profissionais, 
desconhecidos do grande público.
Era um conjunto, formado por 3 Artistas:
A cantora, de nome Reginah o violonista,
que também cantava com ela, fazendo o
“back-vocal” e o baterista.
Fiquei ali, curtindo aquele momento.
Tirei algumas fotos, através de meu celular,
com a permissão deles,
comprei um sorvete do sorveteiro que passava (naquela ocasião eu ainda não encontrava-me no regime, rigoroso, como hoje)e esqueci-me de tudo o mais.
Apenas curtindo aquela música linda e outra... 
e mais uma, observando a multidão que se acumulava para assistir ao show de rua.
Voltei para casa, pensando em como 
esta cidade é maravilhosa!
Em apenas um dia, (já passava das 16 horas) eu vivi acontecimentos tão diversos, que pareciam impossíveis de se sucederem em um mesmo dia.
Havia até me esquecido do envelope com o exame, deixado no banco do ônibus!
Afinal, cheguei em casa, já me despindo à entrada do apartamento, suada, cansada, mas feliz!
Tomei um banho reconfortante e, quando me preparava para ligar o computador 
e atualizar-me
com as novidades, 
verificar meus e-mails, o telefone tocou.
Uma voz do outro lado, que eu desconhecia, indagou-me:
- A senhora é Dona Maria Emília Pereira?
- Sim, sou eu, respondi, sem raciocinar antes,
pois hoje em dia não estamos mais à vontade
para nos identificarmos ao telefone,
sem saber quem está do outro lado da linha,
diante de tantos “falsos” seqüestros e violência gratuita, a que temos presenciado diariamente.
Pronto. Eu já havia me identificado.
Então, a pessoa do outro lado disse-me.
-Dona Maria Emilia, eu sou o Juarez, o Fiscal da Linha São José-Lgo. São Francisco 
e encontramos um envelope com o seu nome 
e telefone, por isso estou ligando.
Eu precisei abrir o envelope para ver se era algo importante e vi que era, pois são uns exames médicos que a senhora ou alguém deve ter esquecido no ônibus...
Eu, sem acreditar naquilo, feliz da vida, 
respondi que eram meus sim
e que eu mesma 
os havia deixado lá por distração...
Ele então disse:
- Por acaso a senhora mora próximo ao ponto final,
no Lgo. São Franciso, porque se for melhor eu posso mandá-los com o motorista que está saindo agora e,
dentro de mais ou menos uma hora poderá 
retirá-los lá. Está bom assim?
Eu, ainda meio anestesiada pela surpresa, 
respondi que sim, claro!
Que eu iria até o ponto final apanhar o envelope 
que me pertencia e era muito importante!
Agradeci ao meu interlocutor, vesti-me novamente,
coloquei um tênis confortável e... lá fui eu de volta.
De onde eu moro, deve ser mais ou menos dois quilômetros de distância até o referido local, 
mas eu fiz novamente aquele trajeto sem perceber,
pois a minha felicidade e surpresa eram 
tão grandes que não me permitiam
nenhuma reclamação de cansaço e exaustão!
Respirei fundo e iniciei nova caminhada,
agora mais confortavelmente trajada,
para um longo percurso de ida e volta.
Ao chegar lá, aguardei ainda por mais vinte minutos até a chegada do ônibus, identifiquei-me, 
peguei o envelope, conferi os exames, estavam todos lá,
agradeci ao motorista, disse-lhe da minha alegria por terem se importado em 
me comunicarem o ocorrido e voltei para casa, 
agora definitivamente...
UFAAA!!!
 
 
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