QUANDO FOI...?
QUANDO FOI...?
Que foi feito do tempo vivido por nosso amor?
O pensamento circunvaga o passado e se perde num emaranhado de dias e noites, luzes e sombras, configurações difusas..
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Quantas estações transcorreram na vigência daquele amor?
Teria sido daquela estação a noite de verão, quando abraçados sob um jasmineiro florido trocávamos beijos... A chuva repentina nos fez buscar abrigo na varanda sombria, onde encharcados e trêmulos, voltamos a nos beijar, enquanto a cântaros chovia...
Quando aconteceu aquele outono tardio cuja lembrança permanece viva no ruído das farfalhantes folhas secas que o vento arrasta?...
Terá sido de um mesmo inverno a recordação do céu cor de aço polido, que, como um domo, nos cobria; quando tiritantes buscávamos encontrar um caminho que nos reconduzisse ao calor reconfortante da lareira... Ou a saudade de quando abrigados sob mesma manta esperávamos o surgir da lua cheia oculta por detrás dos montes?
Em que ano transcorreram os dias felizes, e noites inesquecíveis, em que à meia luz, dançávamos boleros e fingíamos aprender os passos do tango, só para nos demorarmos abraçados, enquanto o vinil rolava no prato?
Quando foi que juntos, nas folhas de um caderno, escrevemos versos, traçamos planos, sonhos e destinos; caderno que um dia rasguei num momento de fúria?
Irmos juntos à Milão foram só intenções... Em Paris, por seus boulevards vaguei sozinha...
Quando e onde se perderam cartas, fotos e postais?
Hoje a memória falha e fugidia busca incansável o elo pedido; abismada, perplexa se interroga: quando foi?...