Quinze segundos

Pararam no sinal. Ele, num carro potente cinza, último tipo, destes que fazem de zero a cem num piscar de olhos. Ela, num carro popular, mais de três anos, destes que fazem de zero a cem depois de muita reza. Mas ele nem notou. Ela sim. Pois ele a fechara quase causando um acidente. Ela desceu do carro, furiosa, mulher de atitude, ele gostava disso, hoje em dia na alta sociedade está minado de mulheres fúteis e risíveis. Parecia hipnotizado, pois as barbáries que ela proferia parecia não ser com ele, tal era seu fascínio pela beleza escultural daquela mulher voluntariosa á sua frente.

Sabia que ali estava a sua musa, a tão procurada mulher da sua vida. Sempre procurara uma mulher assim capaz de por a cabeça dentro da boca de um leão. Freqüentava as altas rodas da sociedade da cidade, rodeado por médicos e aspirantes de socialites, que sem possuir conteúdo algum, procuravam ascensão social casando com um bom partido, como se ainda vivessem num feudo.

Não acreditava que este homem pudesse ser tão pasmado, estava ali desaforando a tudo e a todos, com palavras nada amistosas, e ele sem reação. Somente lhe olhava com um ar de bobão. Era bonito parecia ser um destes “playboys”, que pega o carro do pai para correr atrás das mulheres. Poderia ser um destes homens que fazem tudo que uma mulher quer. Era um destes que estava precisando, sempre foi muito dominadora. Parecia já escrito, um encontro assim no meio da rua, numa situação destas. Era muito mística, sabia que era o momento.

O sinal abriu, ele acelerou, ela voltou para seu carro, à fila andava, uns já buzinavam impacientes. Depois disso nunca mais se viram, ambos ainda suspiram quando lembram daquele instante.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 24/06/2007
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