O baile de máscaras - parte 8
"A máscara do falso amigo"
"Não são os inimigos que o maldizem abertamente que você deve temer, mas aqueles que sorriem quando você está olhando e amolam as facas quando você vira as costas."
Melisandre - A dança dos dragões
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Melissa sentiu falta de Lucas e Lyanna durante as aulas. O peso da ausência deles foi pior porque a ausência de Letícia já pesava. A menina tinha a sensação que algo muito ruim estava ocorrendo. Parecia aqueles filmes de terror em que os personagem vão se machucando em sequência e que ninguém está a salvo. Se não fosse por seu namorado a situação estaria muito pior e o peso da ausência seria insuportável.
Por isso na hora do recreio, quando Peter se sentiu mal e teve que ir embora, a menina teve vontade de ir para casa junto com ele. Porém não poderia fazer, pois tinha duas aulas de química depois do recreio. Ela tinha certa dificuldade nessa matéria e já havia tirado uma nota baixa. Ficar era a melhor opção.
As aulas não foram tão ruins como ela esperava. Breno fez companhia para ela e quando o professor não estava olhando dava um jeito de fazer a menina rir.
Breno, pelo que Melissa havia reparado, sempre tentou ser o engraçado da turma. Sempre fazia comentários engraçados e piadas, mesmo em assuntos que não tinham muito a ver. Ela lembra que ele andava com a turma há mais tempo que ela.
Antes daquele dia eles não conversavam muito, pelo menos não sozinhos. Mas apesar de não conversarem muito, Melissa gostava do menino. Ele sempre era gentil com ela e era bom ter alguém alto astral por perto.
Na hora da saída, Breno se ofereceu para a levar para tomar um sorvete na soverteria da família dele, pois o clima estava quente e eles saíram um pouco mais cedo da aula. Além disso, ele tinha que resolver algumas coisas com seu pai que estava cuidando do caixa da sorveteria.
-Obrigada pelo convite, mas não vai dá. Eu vou na casa do Peter. Ele estava se sentindo mal. Deve ser algo que ele comeu.
-Deve ter sido a comida da lanchonete. Ouvir dizer que o novo prato servido tem alguma relação com o sumiço dos gatos.
Melissa riu um pouco e disse:
-Fica para a próxima, Breno.
-Espere, Mel. É perigoso você sair sozinha. Essa cidade está cada vez mais estranha. Vamos ir lá rapidinho, tenho que resolver uma coisa e depois eu te levo lá. Essa cidade está cheia de gente estranha e perigosa. Lembre- se daquele professor daqui.
As palavras de Breno tocaram fundo em Melissa. Ela de repente se sentiu insegura. As palavras fizeram ela lembrar de tudo de estranho que andava ocorrendo e ela achou que estaria mais segura com o garoto.
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Foi próximo do meio-dia que ligaram do hospital para Lyanna. Avisando que seu pai havia sofrido um acidente. Falaram que por um milagre não foi nada grave, mas será preciso que ele fique internado em observação por alguns dias.
Lucas e Alyssa a acompanharam até o hospital, porém somente ela conseguiu entrar.
Seu pai estava com um curativo na cabeça e com alguns arranhões no rosto, mas parecia bem lúcido. Ele deu um sorriso fraco quando viu a filha.
-Lyanna...
-Papai.- disse Lyanna abraçando o pai
O pai de Lyanna chorou e se desculpou por ter deixado a menina sozinha. Disse que amava muito a filha e que os dois juntos iriam superar aquele momento difícil. A menina também chorou.
Lyanna ficou junto do pai o resto do dia. Seus amigos ficaram um pouco, mas logo foram embora. Os pais deles estavam preocupados.
Quando era quase noite, Juan, o sócio de seu pai, veio fazer uma visita. Lyanna achava ele uma pessoa legal. Juan até havia ido ao seu aniversário e as vezes ia a almoços na sua casa.
Ele se lamentou pelo ocorrido e se ofereceu para ajudar no que fosse necessário. Também falou em como ele tomaria conta da empresa enquanto o pai de Lyanna estivesse doente. Ele havia trazido até alguns papéis para que o sócio assinasse.
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Breno achava Melissa linda. Achava que a menina merecia muito mais que Peter. No fundo ele amava a menina. Na verdade não era amor, era mais um desejo. Era como quando se deseja um doce que está nas mãos de outra pessoa.
Ele achou que o destino conspirou a favor dele. Pois de alguma forma todos do seu grupo de amigos se afastaram naquele dia. Ficaram somente ele e Melissa.
Além disso ele sabia como a menina era medrosa. Era a que mais tinha medo do grupo. Bastava a lembrar dos perigos que rondavam a cidade, dos últimos eventos estranhos para que ela tivesse medo de sair da escola sozinha e para que concordasse em o acompanhar.
Durante o caminho até a sorveteria de sua família, ele tentou mostrar naturalidade e fez as mesmas piadas que sempre fazia.
Chegando na sorveteria ele falou com seu pai e pegou dois copos de sorvete para os dois. Ele falou para Melissa que o sorvete iria a acalmar e que se ela quisesse poderia levar um copo de sorvete para Peter.
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Jairo confiava muito em Juan. Ele era seu sócio, mas também era seu grande amigo. Se não fosse por essa grande amizade ele nunca teria confiado as suas empresas totalmente para Juan. Mas ele confiava totalmente em Juan e sabia que as empresas estariam em boas mãos.
Jairo sabia que não ficaria muito tempo no hospital. Logo ele iria sair e poderia tentar recomeçar com a sua filha. Seria difícil se acostumar com a ausência de sua esposa e com a dor do abandono, mas eles iriam conseguir.
Do fundo do coração Jairo torcia para que a traição da mulher tivesse sido a última traição que conheceu, porém ele estava enganado, logo ele conheceria outra. Vinda de uma pessoa que ele considerava amigo só que na verdade era somente um inimigo esperando o momento de atacar.
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Melissa começou a ter uma sensação estranha. Como se em seu coração um medo nascesse. Ela não entendia o porque, talvez fosse por causa dos últimos acontecimentos. De repente o sorvete teve um gosto amargo em sua boca, o gosto do medo.
Esse medo apenas aumentou quando ela viu o sorriso de Breno. Não era mais o sorriso divertido de um amigo, se parecia mais com um sorriso de um inimigo que tem a vítima no lugar certo.
Naquele momento ela teve a sensação de que talvez mais perigoso que um inimigo declarado é um amigo com más intenções. Ela tinha certeza que Breno não estava com boas intenções.